Claudio Castro e Rodrigo Bacellar. Foto: Reprodução/Instagram @rodrigobacellaroficial
Atualizado em 04/12/2025 00:31

Numa trama digna das novelas mais intricadas da política brasileira, o governador do Rio de JaneiroCláudio Castro (PL), entrou em estado de pânico, segundo fontes próximas ao poder fluminense. Após se apresentar como xerife implacável contra o crime organizado, viu seu aliado mais próximo, Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), ser preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Bacellar é acusado de obstrução de justiça e ligação com o Comando Vermelho (CV), golpe duro para Castro, cuja gestão mistura inépcia e suspeita de conivência com o crime.

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A Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, batizada de “ADPF das Favelas”, foi ajuizada em 2019 pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e entidades de direitos humanos. O objetivo era enfrentar a violência policial nas comunidades do Rio e reduzir mortes em operações. Inicialmente relatada pelo ministro Edson Fachin, ganhou atenção em 2025, quando Fachin declarou “estado de coisas inconstitucional” na segurança pública fluminense, propondo uso obrigatório de câmeras para policiais, apoio à saúde mental dos agentes e restrições a incursões em áreas sensíveis.

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Após negociação, o plano foi parcialmente homologado pelo governo Castro. Em outubro, com a aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso e a presidência de Fachin no STF, Alexandre de Moraes assumiu a relatoria da ADPF e passou a ampliar o escrutínio.

No mesmo dia, Castro autorizou a Operação Contenção nos complexos do Alemão e Penha, resultando em 122 mortos, incluindo polícia, a operação mais letal da história do Rio. Em vez de recuar, Castro desafiou o país e o STF, chamando a ADPF de “medida maldita” que prejudica a polícia e favorece facções como CV, Terceiro Comando Puro (TCP) e milícias, ignorando que seu governo é acusado de facilitar essas quadrilhas.

Em novembro, Moraes transformou uma investigação preliminar em inquérito formal da Polícia Federal para apurar a infiltração do crime no governo estadual, incluindo lavagem de dinheiro e relações com agentes públicos. O diretor da PF, Andrei Rodrigues, prometeu rigor e muitos inquéritos para desvendar as conexões criminosas. Castro foi intimado a colaborar e preservar provas, sinal claro de que o STF não aceita mais bravatas.

No ápice, a prisão de Bacellar pela Operação Zargun nesta quarta (3) foi decretada por Moraes. O presidente da Alerj é acusado de vazar informações sobre a prisão de TH Jóias, político ligado ao CV que destruiu provas e fugiu. Bacellar integra organização criminosa com influência no Executivo estadual, ou seja, no governo Castro. Ex-secretário de Castro, relator do impeachment de Witzel (que levou Castro ao poder) e candidato apoiado por Jair Bolsonaro (PL), Bacellar também responde a processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso eleitoral envolvendo milhões desviados de fundos públicos.

Num jogo arriscado, Castro desafiou o ministro Moraes, um inimigo poderoso. Agora, com Bacellar preso e investigações aprofundadas, Castro vive o medo real de ser o próximo alvo de busca, prisão ou intervenção federal. Seu governo, permeado por milícias, pode ruir diante do STF e da PF.

Enquanto Castro silencia, o STF avisa: ninguém está acima da lei, nem os autoproclamados salvadores. O governador, que bancou o valentão, agora teme a tragédia pessoal que pode selar seu destino.

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JR Vital - Diário Carioca
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.