A Polícia Federal prendeu, nesta segunda-feira (8), dois policiais militares acusados de vazar informações estratégicas do Bope para o Comando Vermelho, em mais um episódio que revela a urgência de fortalecer mecanismos democráticos de controle e transparência nas forças de segurança.
As prisões integram a Operação Tredo, que apura a atuação de agentes infiltrados a serviço da cúpula da facção no Rio de Janeiro.
Entre os detidos está o 2º sargento Rodolfo Henrique da Rosa, integrante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e apontado como informante de Carlos da Costa Neves, o Gardenal, operador central do tráfico no Complexo da Penha e articulador da expansão criminosa para a região de Jacarepaguá.
Da Rosa também participava da definição das equipes do Bope escaladas para operações, o que agravava o risco de sabotagem e colocava comunidades e agentes públicos em perigo.
O segundo preso é o PM Luciano da Costa Ramos Junior. Ao todo, os agentes federais cumprem 11 mandados de prisão e seis de busca e apreensão, expedidos pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Rio. Entre os investigados ainda não localizados estão Gardenal e Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como uma das principais lideranças do CV.
A operação — que teve apoio do próprio Bope e da Corregedoria da PM — nasceu da troca de informações com a Operação Buzz Bomb, deflagrada em 2024, que investigava a participação de um militar da Marinha no fornecimento de drones e treinamento técnico para traficantes. A cooperação foi autorizada judicialmente, reforçando o papel das instituições na contenção de práticas ilegais dentro das corporações armadas.
Os suspeitos poderão responder por organização criminosa armada, corrupção ativa e passiva, homicídio, tráfico de drogas, porte ilegal de arma e violação de sigilo funcional.
A ação faz parte da Missão Redentor 2, programa da PF voltado ao enfraquecimento de facções no Rio, em alinhamento às determinações do Supremo Tribunal Federal no âmbito da ADPF 635, que exige responsabilidade, transparência e respeito aos direitos humanos nas políticas de segurança. O nome “Tredo”, que significa “traidor”, simboliza o rompimento de confiança por parte daqueles que deveriam proteger a sociedade — uma lembrança de como a infiltração criminosa e a falta de controle estatal sobre forças armadas e policiais podem alimentar retrocessos e abrir espaço para práticas autoritárias.
