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Otoni de Paula troca de sigla e vira aposta bolsonarista ao Senado pelo Rio de Janeiro

Brasília – A pré-campanha de 2026 nem começou oficialmente, mas a extrema-direita já está organizando seu pelotão. Nesta quarta-feira, 28, o PRTB — aquele mesmo partido que flertou com Hamilton Mourão e vive de oscilar entre o ultranacionalismo e o delírio messiânico — lançou como pré-candidato ao Senado pelo Rio de Janeiro ninguém menos que o deputado federal Otoni de Paula, recém-egresso do MDB.

A troca de legenda, anunciada com pompa por Leonardo Avalanche, presidente nacional do PRTB, sela um casamento entre o fundamentalismo evangélico e o marketing de seita digital representado por Pablo Marçal, o coach bilionário e pré-candidato da sigla à Presidência da República.

Avalanche, em êxtase pentecostal, não economizou: “O povo do Rio só tem a ganhar com um homem de Deus, abençoado, que defende os valores da família e do povo cristão”. Tradução: conservadorismo retrógrado, agenda anti-direitos e o velho discurso de “Deus acima de tudo” travestido de projeto político.


Otoni de Paula e a cruzada senatorial

Otoni de Paula já era conhecido por suas pregações inflamadas, sua defesa incondicional do bolsonarismo e sua cruzada contra aquilo que chama de “comunismo cultural” — seja lá o que isso signifique. Agora, sua candidatura ao Senado mira os votos do eleitorado evangélico ultraconservador, dos órfãos de Bolsonaro e dos que ainda acham que política se faz com versículo bíblico e fake news no WhatsApp.

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O deputado agradeceu a acolhida no novo partido e prometeu “cerrar fileiras” com os aliados. “O PRTB vai representar a direita brasileira com muita força nas próximas eleições”, disse, mirando a vaga que será deixada por Romário (PL) ou por Carlos Portinho (PL), dependendo da dança das cadeiras que ainda vai rolar até as convenções de 2026.


Pablo Marçal: o pastor-coach que quer ser presidente

A presença de Pablo Marçal no jogo não é apenas simbólica — é estratégica. O coach que ganhou fama vendendo “desbloqueios mentais” e “chaves de prosperidade” já se lançou pré-candidato à Presidência e vem tentando montar uma frente de pastores-políticos que combine fé cega com ambição sem freios.

O apoio a Otoni é mais uma peça nessa engrenagem. A meta: reocupar o Congresso com nomes ideológicos, obedientes, e prontos para seguir a cartilha moralista e ultraliberal da extrema-direita cristã. Com esse movimento, o PRTB tenta reviver sua relevância eleitoral após anos de irrelevância parlamentar e disputas internas.


Aliança que fede a naftalina e oportunismo

O que une Avalanche, Marçal e Otoni não é apenas a devoção a uma cruz distorcida por interesses políticos. É também o oportunismo puro e simples. Eles sabem que o Rio de Janeiro continua sendo um terreno fértil para a retórica moralista, sobretudo nas franjas mais desesperadas do eleitorado — aquelas atingidas pela crise econômica, abandonadas pelo Estado e manipuladas por igrejas que transformaram o dízimo em máquina de voto.

Essa aliança entre políticos decadentes, gurus digitais e partidos nanicos é uma tentativa de ressuscitar o bolsonarismo zumbi, agora com cara de “direita raiz”, mas sem qualquer projeto sério para a população fluminense além do controle dos corpos, da censura cultural e da destruição de direitos.


O Carioca esclarece (FAQ)

Quem é Otoni de Paula?
Deputado federal do Rio de Janeiro, ligado à bancada evangélica e ex-MDB. Conhecido por sua retórica ultraconservadora e pelo apoio ao bolsonarismo.

O que é o PRTB e por que isso importa?
Partido nanico da direita radical que já foi base de apoio de Mourão e agora tenta se reinventar com o apoio de Pablo Marçal. Sua aposta em Otoni mostra o novo arranjo da extrema-direita para 2026.

Como essa candidatura afeta o cenário político do Rio?
A entrada de Otoni na disputa pode fragmentar o eleitorado da direita e empurrar o debate eleitoral para pautas regressivas, como o moralismo religioso e o discurso anticientífico.

Qual o papel de Pablo Marçal nessa aliança?
Marçal usa sua influência nas redes e no meio evangélico para montar uma base política nacional, mirando tanto o Congresso quanto o Planalto. O apoio a Otoni é parte desse projeto.

JR Vital
JR Vitalhttps://www.diariocarioca.com/
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.
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