Brasília — 19 de agosto de 2025 — O ataque da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao chamá-lo de “pinguço”, provocou forte rejeição nas redes sociais.
Um levantamento da AP Exata, encomendado pelo portal Metrópoles, analisou 100 mil publicações e constatou que 80,7% desaprovaram a fala.
O discurso, carregado de agressividade inédita, foi recebido positivamente apenas pelo núcleo mais radical do bolsonarismo.
O salto de Michelle ao radicalismo
No domingo, durante um evento do Partido Liberal (PL), Michelle Bolsonaro intensificou sua retórica contra Lula, chamando-o de “mentiroso, cachaceiro, pinguço e irresponsável”. Foi a primeira vez que a ex-primeira-dama adotou publicamente esse tom agressivo, aproximando-se do estilo do marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — hoje réu por tentativa de golpe e cumprindo prisão domiciliar.
A ofensiva de Michelle, contudo, não encontrou eco fora da bolha radical. Segundo analistas, a fala desagradou até parte de eleitores de direita que rejeitam o extremismo.
Nordeste como palco do embate
O discurso ocorreu no Nordeste, reduto histórico de Lula, onde o presidente mantém seus maiores índices de aprovação. Durante o ato, Michelle afirmou que “é aceitável votar uma vez no PT, mas repetir o voto é burrice política”.
Além dos ataques, ela repetiu a narrativa de que Bolsonaro seria vítima de perseguição do sistema judicial e convocou apoiadores a participarem do ato de 7 de setembro em São Paulo, em mais uma tentativa de mobilização do campo bolsonarista.
Rejeição expressiva nas redes
Nos três dias posteriores ao discurso, a pesquisa da AP Exata registrou que 60,5% das menções a Michelle foram negativas, contra 39,5% positivas. Para especialistas, a virada agressiva não aproxima o eleitorado de centro e pode até reduzir seu alcance.
“Ela tem presença forte, mas não é o Bolsonaro. Não consegue agregar a mesma defesa cega”, avaliou um analista ouvido pelo levantamento.
A aposta de Michelle Bolsonaro em um tom mais virulento parece consolidar seu papel como porta-voz da ala mais radical do bolsonarismo.
O risco, apontam analistas, é que essa guinada a afaste do eleitorado moderado, ampliando a rejeição em vez de pavimentar uma alternativa política viável para além da bolha extremista.


