O presidente Donald Trump tem adotado medidas agressivas para limitar vozes críticas na imprensa e influenciar diretamente o noticiário, segundo reportagem de capa da revista The Economist. Entre pressões sobre redes de televisão, processos bilionários contra jornais e a ampliação de sua participação nas redes sociais, a ofensiva revela uma estratégia de intimidação e concentração de poder midiático.
Apesar das investidas, a revista aponta que os resultados têm sido limitados: o apresentador Jimmy Kimmel retornou ao ar após tentativa de silenciamento, um processo de US$ 15 bilhões contra o New York Times foi rejeitado pela Justiça, e a aquisição de plataformas digitais por aliados de Trump ainda não se concretizou.
Processos judiciais e pressões regulatórias
Trump e sua equipe recorreram a ações contra veículos como Wall Street Journal e Des Moines Register, além de tentar restringir a cobertura do Pentágono. O governo também pressionou conglomerados como a Disney e sugeriu que redes críticas poderiam perder licenças de transmissão.
Embora essas medidas careçam de base jurídica sólida, geram custos elevados e criam um ambiente de intimidação que compromete a liberdade de expressão.
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Apoio de empresários e redes sociais
Outro ponto destacado pela Economist é o uso de empresários aliados, incluindo grupos ligados às famílias Ellison e Murdoch, na tentativa de reconfigurar o cenário midiático. A rede social Truth Social, lançada por Trump, é parte dessa estratégia de ampliar o controle sobre plataformas de comunicação.
Resistência da mídia e diversidade do mercado
Apesar das ofensivas, o mercado de mídia dos EUA é robusto e diversificado, dificultando tentativas de captura como as observadas em países menores, como a Hungria. Jornais e redes de televisão mantêm papel relevante e, quando resistem, vencem batalhas jurídicas, expondo Trump como líder autoritário em busca de adulação.
A fragmentação das redes sociais e a multiplicidade de produtores de conteúdo tornam quase impossível a imposição de uma narrativa única.
Riscos à democracia americana
Para a The Economist, a Constituição dos EUA, o interesse do mercado por novos conteúdos e a metade do país que não apoia Trump funcionam como barreiras à captura total da mídia. No entanto, a polarização política e a proliferação de narrativas sensacionalistas fragilizam consensos democráticos.
Embora Trump provavelmente não domine a imprensa americana, sua ofensiva já impõe custos significativos à democracia, favorecendo discursos divisionistas e dificultando a governabilidade baseada em fatos compartilhados.



