Novo só no nome

Novo do Rio de Janeiro é suspeito de desvio em fundo eleitoral

Uso questionável de cotas de gênero e raça no financiamento de campanha levanta dúvidas sobre a integridade do Novo no Rio de Janeiro, expondo contradição entre discurso e prática partidária.

JR Vital
por
JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Partido Novo

Integrantes do partido Novo no Rio de Janeiro exigem que a executiva estadual preste esclarecimentos urgentes sobre um suposto desvio de recursos do fundo eleitoral durante as eleições municipais de 2024.

O caso joga luz sobre a hipocrisia do partido, que construiu sua imagem pública criticando veementemente o financiamento público de campanha, contudo, acabou repassando R$ 37,1 milhões a candidatos em 2024.

As denúncias concentram-se no uso questionável das cotas destinadas a mulheres e pessoas negras, levantando suspeitas de candidaturas laranjas ou de subutilização de fundos obrigatórios, prática condenada pela Justiça Eleitoral.

O Uso Suspeito das Cotas: Contradição e Desvio Ético

A principal evidência que alimenta as suspeitas de desvio é a discrepância entre o volume de recursos distribuídos e os resultados eleitorais.

O caso mais gritante envolve a capital fluminense. A candidata a vereadora Débora Pontes, que concorreu pela cota feminina, recebeu R$ 109 mil do fundo eleitoral. Ela obteve apenas 618 votos, um indicativo de que o recurso milionário pode não ter sido aplicado de forma efetiva e legítima na campanha.

Em contraste, o vereador Pedro Duarte, que conseguiu a reeleição com expressivos 15.404 votos, recebeu R$ 34 mil a menos: R$ 75 mil.

Essa diferença brutal de investimento por voto sugere uma priorização dos gastos com candidaturas que serviram primariamente para cumprir a obrigação legal de destinar fundos às cotas, e não para competir seriamente ou obter a representatividade de fato, o que configura fraude.

Candidato(a)Votos ObtidosRecursos do Fundo EleitoralCrítica Ética
Débora Pontes618 votosR$ 109.000,00Alto investimento para baixa conversão de votos, sugerindo uso protocolares da cota.
Pedro Duarte15.404 votosR$ 75.000,00Investimento menor para resultado eleitoral muito superior.

Cobrança Interna e o Impacto na Imagem do Novo

A cobrança interna de esclarecimentos sobre o fundo eleitoral Novo demonstra a crise de confiança que atinge a legenda.

O Novo tem no seu DNA um discurso anticorrupção e de repúdio ao uso de dinheiro público na política, o que torna as suspeitas de desvio de fundo eleitoral particularmente corrosivas para sua imagem.

O problema não é apenas legal, mas profundamente ético e político. O partido lançou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), como pré-candidato à Presidência em 2026. Além disso, esse escândalo de fundo eleitoral Novo pode comprometer seriamente a narrativa de “novo jeito de fazer política” e de austeridade que a legenda tenta vender ao eleitorado.

A exigência de transparência por parte dos próprios integrantes fluminenses é um ato de autodefesa, que visa preservar a mínima credibilidade antes da campanha presidencial. A executiva estadual tem o dever de prestar contas imediatamente.

Caso as denúncias se confirmem, a utilização indevida de fundos destinados a promover a diversidade nas cotas de mulheres e pessoas negras se mostra uma dupla violação: fraude eleitoral e desrespeito à causa da representatividade.


Seguir:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.