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Carlos Bolsonaro prepara saída da Câmara do Rio para se candidatar por SC

Filho do ex-presidente muda-se para São José, na Grande Florianópolis, para disputar vaga no Senado e fortalecer base bolsonarista no Sul

Vanessa Neves
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Vanessa Neves
Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.
O governador de SC Jorginho (PL-SC) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). Foto: Reprodução

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) anunciou que deixará o mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro ainda neste mês para iniciar uma nova fase política em Santa Catarina.

O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro fixará residência em São José, município da Grande Florianópolis, com o objetivo de consolidar sua pré-candidatura ao Senado Federal nas eleições de 2026.

A decisão confirma o movimento de migração da família Bolsonaro para o Sul do país, região onde o bolsonarismo mantém forte presença eleitoral e apoio consolidado.


Estratégia política e mudança para o Sul

De acordo com informações da coluna de Lauro Jardim, do O Globo, a mudança de Carlos tem caráter estratégico. Ao escolher São José — cidade industrial, sem apelo turístico, mas com alta concentração de clubes de tiro —, o vereador busca um ambiente mais alinhado ao discurso conservador e de “segurança e patriotismo” que caracteriza o núcleo duro bolsonarista.

Enquanto o irmão Jair Renan Bolsonaro vive em Balneário Camboriú, Carlos aposta em um reduto de classe média trabalhadora e empreendedora, onde pretende construir uma base de apoio orgânica. Nos últimos meses, o vereador intensificou viagens pelo estado, participando de eventos cívicos e religiosos, visitando Câmaras municipais e se reunindo com apoiadores.

Em 19 de setembro, esteve em Balneário Camboriú para encontros políticos com lideranças locais, incluindo o vereador Flavinho Aquino (Blumenau), e em 21 de setembro visitou São Pedro de Alcântara, município próximo à capital, onde participou de atividades comunitárias e religiosas.


Alinhamento com o governo de Jorginho Mello

A presença de Carlos no ato de 7 de Setembro em Florianópolis, ao lado do governador Jorginho Mello (PL-SC) e outras figuras da direita catarinense, reforçou o alinhamento político e o início informal da campanha. O gesto consolidou a imagem de Carlos como herdeiro direto do bolsonarismo, buscando espaço no Senado para dar continuidade à agenda do pai, hoje inelegível.

O vereador também passou a adotar identidade visual própria, mesclando as bandeiras do Brasil e de Santa Catarina, numa tentativa de marcar território e se apresentar como “candidato catarinense”, apesar das críticas de setores locais.


Reações e resistências em Santa Catarina

Nem todos receberam bem a movimentação política. A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) divulgou nota defendendo a valorização de lideranças locais e criticando o que chamou de “importação de candidaturas”. A entidade argumentou que o estado possui quadros qualificados e não deve servir de plataforma para ambições externas.

Apesar das críticas, a estratégia parece dar resultado. Segundo pesquisa da Real Time Big Data, encomendada pela Record, Carlos Bolsonaro lidera as intenções de voto para o Senado em Santa Catarina com 45%, seguido por Carol de Toni (PL) com 33% e Espiridião Amin (PP) com 21%.

O desempenho expressivo reflete a força simbólica do bolsonarismo e a influência que Carlos exerce sobre o eleitorado conservador. Além de vereador há 25 anos, ele é reconhecido como o principal articulador digital da campanha que elegeu Jair Bolsonaro à Presidência em 2018.


O desafio de nacionalizar o bolsonarismo catarinense

A eventual candidatura de Carlos Bolsonaro representa um teste político e geográfico para o bolsonarismo. Embora Santa Catarina seja o estado mais fiel à família, a tentativa de transformar o capital eleitoral local em mandato nacional exigirá uma agenda que vá além do discurso ideológico.

O eleitor catarinense, fortemente vinculado à economia industrial e ao empreendedorismo regional, tende a cobrar propostas concretas em áreas como infraestrutura, segurança e geração de empregos — temas que podem exigir do vereador uma postura mais pragmática.

Analistas políticos avaliam que, caso confirme a candidatura, Carlos pode dividir o eleitorado conservador entre o PL e o PP, o que tende a fragmentar a base de direita e abrir espaço para candidaturas alternativas.


Continuidade de um projeto familiar, não de nação

A mudança para o Sul e a pré-candidatura ao Senado também são interpretadas como uma forma de preservar o legado político da família Bolsonaro após os desgastes jurídicos e eleitorais de Jair Bolsonaro. A aposta é que Carlos, com experiência e imagem mais disciplinada, possa consolidar a presença bolsonarista no Congresso e preparar o terreno para futuras disputas nacionais.

Em Santa Catarina, o vereador busca repetir a fórmula que o consagrou no Rio: comunicação direta nas redes, discursos duros contra a esquerda e forte presença em eventos cívicos. O desafio, porém, será mostrar que sua atuação vai além do sobrenome.

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Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.