Brasília — 7 de julho de 2025 – Brasil e China assinaram acordo para iniciar estudos da Ferrovia Bioceânica, que ligará Ilhéus ao porto de Chancay, no Peru, integrando as economias do Atlântico e do Pacífico.
Ferrovia Brasil-China ligará Atlântico ao Pacífico e reposiciona Sul Global
A assinatura do memorando entre Brasil e China para a construção de uma ferrovia transcontinental marca um novo capítulo na estratégia de integração infraestrutural da América do Sul. A cerimônia oficial ocorreu nesta segunda-feira (7), no Ministério dos Transportes, em Brasília, e contou com representantes da estatal Infra S.A. e da China Railway Economic and Planning Research Institute.
O projeto estabelece os primeiros passos para a construção da Ferrovia Bioceânica, que unirá os portos brasileiros do Atlântico ao recém-inaugurado porto de Chancay, no Pacífico peruano — infraestrutura construída com capital chinês e localizada a apenas 70 km de Lima.
Com esse eixo ferroviário, Brasil, Bolívia e Peru passam a integrar, de forma soberana e conectada, parte fundamental das Rotas de Integração Sul-Americana, um dos quatro eixos estratégicos do pacto firmado entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping em 2024.
Multimodalidade, soberania e planejamento
A malha ferroviária brasileira já possui parte significativa da infraestrutura necessária para a viabilização do projeto. A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que parte de Ilhéus (BA), conecta-se à Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), no município goiano de Mara Rosa. De lá, os trilhos seguem até Lucas do Rio Verde (MT), onde começará a nova etapa da Ferrovia Bioceânica.
A integração completa será possível por meio de um novo traçado que atravessará a fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, cruzará Rondônia e o sul do Acre, até alcançar o território peruano.
A estatal chinesa agora conduzirá estudos técnicos sobre a viabilidade do projeto, analisando aspectos logísticos, ambientais e estruturais, com foco na multimodalidade — conexão entre ferrovias, hidrovias, rodovias, portos e aeroportos — e no uso racional de obras já existentes.
Aliança estratégica entre Brics e América do Sul
O anúncio do memorando coincidiu com o encerramento da Reunião de Líderes do Brics, realizada no Rio de Janeiro. Em declaração conjunta, os países do bloco comprometeram-se com o fortalecimento das infraestruturas de transporte entre os países do Sul Global, destacando a importância de respeitar a soberania dos estados-membros.
A declaração final do Brics reforçou a diretriz adotada no acordo Brasil-China: integrar crescimento econômico, desenvolvimento logístico e sustentabilidade ambiental. O texto reconhece o papel estratégico de uma infraestrutura de transporte resiliente na construção de economias autônomas, mais justas e sustentáveis.
O Diário Carioca Esclarece
- O projeto já está em obras?
Não. A assinatura do memorando é o início da fase de estudos técnicos, que precedem as obras físicas. - A ferrovia é totalmente nova?
Não. Ela será composta por trechos já existentes no Brasil, com a construção de novos trechos apenas entre o Mato Grosso e o Peru. - Por que a China está envolvida?
O acordo é parte da parceria estratégica entre os dois países e envolve o uso de conhecimento técnico e financiamento chinês.
Perguntas Frequentes (FAQ)
O que é a Ferrovia Bioceânica?
É uma linha férrea que pretende ligar o Oceano Atlântico (Ilhéus, no Brasil) ao Oceano Pacífico (Chancay, no Peru), atravessando Bolívia e áreas estratégicas do Brasil.
Quem está financiando o projeto?
O estudo será conduzido pela estatal chinesa China Railway, mas o financiamento das obras será definido após os resultados técnicos e negociações multilaterais.
Qual o impacto do projeto no Brics?
O corredor fortalece a logística sul-americana e consolida o papel do Brics como promotor da infraestrutura entre países do Sul Global.