Brasília – 3 de setembro de 2025 – A decisão do presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), de apresentar um texto alternativo de anistia aos investigados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 provocou reação imediata entre lideranças bolsonaristas. O anúncio, feito nesta semana, surpreendeu aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que pressionam pela aprovação de uma versão ampla e irrestrita da proposta.
Segundo interlocutores, partidos do Centrão – entre eles União Brasil e PP – haviam se alinhado ao PL para defender a votação do projeto aprovado na Câmara dos Deputados logo após a conclusão do julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). A sinalização de Alcolumbre, no entanto, abriu um novo foco de disputa entre as duas Casas legislativas.
“Ele pode falar o que ele quiser. Vamos votar na Câmara. Aí eu quero ver ele segurar”, disse o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da bancada do partido, expondo o desconforto interno. O senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do governo Bolsonaro e atual líder da oposição, também criticou o presidente do Senado. “Não fui consultado sobre o tema e reitero que a anistia deve ser ampla, geral e irrestrita”, afirmou.
Na terça-feira (2), Alcolumbre declarou à imprensa que pretende elaborar um texto que diferencie organizadores e participantes do 8 de janeiro. “Eu vou votar o texto alternativo, é isso que eu quero votar no Senado. Eu vou fazer esse texto, eu vou apresentar”, disse. A fala foi interpretada como resposta direta à reunião de líderes da Câmara, que havia reafirmado apoio a uma anistia sem restrições.
Nos bastidores, a disputa reforça a tensão entre Câmara e Senado em torno da condução da proposta. Enquanto deputados ligados ao bolsonarismo insistem em blindar Jair Bolsonaro e seus aliados, o Senado busca preservar margem de negociação diante do risco de o STF declarar a inconstitucionalidade de uma anistia irrestrita.