Presidente da Câmara viu seu futuro político arruinado com o povo pedindo sua saída do congresso
Um dia após as manifestações massivas contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tentou reduzir a pressão das ruas ao defender o fim das chamadas “pautas tóxicas”.
Segundo ele, o Congresso precisa focar em temas “mais relevantes para o país”, como a reforma administrativa, a segurança pública e a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.
Tentativa de desviar foco após semana de crise
Em discurso durante evento em São Paulo, Motta admitiu que a Câmara viveu “uma das semanas mais difíceis e desafiadoras” sob sua presidência. Ele defendeu que o Parlamento precisa “olhar para frente” e encerrar o ciclo de embates em torno da blindagem de parlamentares.
“É chegado o momento de tirarmos da frente todas essas pautas tóxicas, porque ninguém aguenta mais essa discussão”, declarou.
Mesmo reconhecendo o impacto das manifestações de domingo (21), que tiveram grande participação popular em capitais e cidades do interior, Motta buscou se reposicionar politicamente: “As manifestações demonstram que a população está nas ruas defendendo aquilo que acredita, e eu tenho um respeito muito grande pelas manifestações populares”.
Pressão do Senado e risco de derrota
O presidente da Câmara admitiu que a PEC da Blindagem dificilmente será aprovada no momento, diante da repercussão negativa e da resistência no Senado. Ainda assim, tentou justificar as votações recentes como resultado de um acordo político com o Centrão e bolsonaristas, que haviam feito um motim no Congresso em agosto para protestar contra a prisão de Jair Bolsonaro.
Motta disse que respeitará a posição do Senado, mas reafirmou que a Câmara “tem o direito de defender o exercício parlamentar”.
Defesa da anistia política
Sobre o projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro, Motta sinalizou que considera a proposta uma saída política “viável” dentro das regras legais, desde que não signifique impunidade.
“É uma saída possível dentro das nossas regras legais, reconhecendo o papel de cada um na sua responsabilidade”, afirmou, sugerindo que o tema deve ser votado diretamente em plenário, sem passar por comissões.
Isolamento político cresce
Apesar da tentativa de impor uma nova agenda, Motta segue como um dos principais alvos da insatisfação popular e enfrenta crescente isolamento político. A narrativa de “virar a página” não tem conseguido reduzir a pressão de movimentos sociais, da oposição progressista e até de parlamentares da própria base, que avaliam que a crise minou a legitimidade da sua condução da Câmara.