Atos contra blindagem expõem Câmara e isolam bolsonarismo
As manifestações em todas as capitais no domingo (21) contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia a condenados do 8 de Janeiro deixaram a Câmara dos Deputados em posição delicada e o bolsonarismo na defensiva.
O desgaste político reforça a avaliação de que a proposta será enterrada pelo Senado, além de enfraquecer a tentativa de perdoar judicialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As informações são de Andrea Sadi.
A manobra de pautar as duas matérias de forma conjunta, articulada pelo presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos-PB) com apoio de Arthur Lira (PP-AL), agradou momentaneamente ao Centrão e aos bolsonaristas. Mas a reação popular foi imediata, com protestos massivos em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Câmara acuada e acordo exposto
O Centrão busca blindar parlamentares de investigações sobre emendas e já tem mais de 80 nomes sob apuração no Supremo Tribunal Federal (STF). Já os bolsonaristas apostavam na aprovação da anistia como caminho para livrar Bolsonaro de condenações.
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O cálculo político, porém, se mostrou equivocado. Ao atrelar a tramitação da anistia à blindagem, a base de Bolsonaro transformou duas propostas impopulares em um só alvo de mobilização social. Até aliados reconhecem que a estratégia foi um “tiro no pé”.
Repercussão negativa e recuo no Senado
Senadores que antes se mantinham indecisos agora admitem votar contra a PEC. A leitura é de que os atos de rua tornaram insustentável a defesa de um projeto visto pela sociedade como autoproteção corporativa.
O ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, criticou publicamente a condução:
“A junção da PEC da Blindagem com a anistia merece todos os prêmios de marketing às avessas. A Direita precisa recolocar a anistia em patamar independente.”
A reação mostra a divisão na própria direita diante do fracasso estratégico.
Protestos mostram rejeição popular
As ruas deixaram claro o repúdio à blindagem e à anistia. Em São Paulo, milhares marcharam pela Avenida Paulista até o MASP. No Rio, o ato ocupou a orla de Copacabana. Em Brasília, manifestantes se concentraram na Esplanada dos Ministérios.
Os protestos ampliam a pressão sobre o Senado, que deve analisar a PEC nos próximos dias. Para o bolsonarismo, além da derrota iminente, fica o desgaste de ter patrocinado duas medidas de forte rejeição popular.



