Brasília – 6 de julho de 2025 – A política de desarmamento implementada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva provocou uma queda de 91% nas compras de armas por CACs, na comparação com o último ano do governo Jair Bolsonaro. Ainda assim, a presença de fuzis e o arsenal acumulado entre 2019 e 2022 impõem desafios à segurança pública.
Medidas do governo Lula freiam avanço armado herdado de Bolsonaro
Dados inéditos obtidos pela Folha de S.Paulo via Lei de Acesso à Informação, em parceria com o Instituto Sou da Paz, revelam que as aquisições de armas por caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) caíram de 448.319 em 2022 para 39.914 em 2024. Em 2025, até abril, o número foi de 18.065 registros.
A virada começou já em 2023, quando Luiz Inácio Lula da Silva iniciou a reversão das medidas de flexibilização promovidas por Jair Bolsonaro, que havia autorizado até 60 armas por pessoa, sendo 30 de uso restrito, como fuzis.
Com a retomada das classificações por níveis e novos limites — hoje apenas atiradores de alto rendimento podem registrar até 16 armas — o estoque de novos armamentos caiu vertiginosamente. Mas especialistas alertam: os fuzis ainda escapam do controle.
Mais Notícias
Fuzis avançam na contramão e preocupam autoridades
Enquanto o total de registros cai, o número de fuzis cresceu: 1.248 foram adquiridos nos quatro primeiros meses de 2025, superando o total de todo o ano anterior. Segundo Bruno Langeani, consultor do Instituto Sou da Paz, essa anomalia exige investigação imediata:
“A Polícia Federal precisa identificar os perfis dessas aquisições e monitorar os 48 mil fuzis comprados durante o governo anterior. Muitos sequer foram recadastrados.”
Atualmente, cerca de 7.600 armas de uso restrito seguem sem registro válido ou com recadastramento pendente, o que representa 15% do total adquirido na era Bolsonaro.
Polícia Federal assume controle e estrutura novo modelo
Desde 1º de julho, a Polícia Federal substituiu o Exército Brasileiro na fiscalização de CACs. A mudança é parte da estratégia do governo para tornar mais eficiente e transparente o controle de armas.
Segundo Fabrício Schommer Kerber, diretor de Polícia Administrativa da PF, a nova estrutura busca montar equipes estaduais, sistemas integrados e realizar concursos públicos:
“Não buscamos caçar CACs, mas garantir um controle eficiente em nome da segurança pública.”
Mesmo assim, 70 pessoas com registros legais de armas já foram presas em 2025, envolvidas em diferentes crimes. A migração completa do controle deve ser concluída até 29 de agosto.
Especialistas alertam: arsenal legado ainda é ameaça
O Brasil tem hoje cerca de 1,5 milhão de armas registradas nas mãos de 980 mil CACs. Destas, mais de 930 mil foram compradas entre 2019 e 2022 — um legado direto da política armamentista de Jair Bolsonaro.
De acordo com Roberto Uchôa, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o foco não pode se restringir à queda nos registros:
“O risco maior é o arsenal já espalhado pelo país. O controle não está resolvido enquanto o desvio para o crime organizado for rotina.”
Em São Paulo, 8% das armas apreendidas em ações policiais tinham registro em nome de CACs. Segundo relatório do Tribunal de Contas da União, 5.200 condenados conseguiram manter ou obter registros como CACs durante o governo Bolsonaro.
O Diário Carioca Esclarece
O que são CACs?
CACs são caçadores, atiradores e colecionadores de armas que recebem registro especial do Estado para posse de armamento.
Por que os fuzis preocupam mais?
Por serem de uso restrito, os fuzis têm alto poder destrutivo e maior valor para o crime organizado. Mesmo com medidas de controle, suas compras seguem elevadas.
O que muda com a PF no controle?
A Polícia Federal passa a monitorar e fiscalizar os CACs com mais rigor, substituindo o modelo opaco e militarizado do Exército. A expectativa é de maior transparência.
FAQ
1. Qual foi a principal mudança promovida pelo governo Lula sobre armas?
A reversão das flexibilizações de Jair Bolsonaro, com limites mais rígidos, reclassificação de atiradores e retomada do controle sobre armamentos de uso restrito.
2. A compra de armas caiu quanto desde 2022?
Houve uma redução de 91%, com registros despencando de 448 mil para cerca de 40 mil por ano.
3. Por que a PF substituiu o Exército no controle dos CACs?
A transição busca ampliar a eficiência e a transparência na fiscalização do armamento civil, após falhas identificadas na atuação do Exército durante o governo anterior.



