Coincidências

Assessor de Nikolas Ferreira tem contrato milionário com empresa investigada pela PF

Thiago Rodrigues, braço jurídico do deputado, aparece em acordo ligado à Gmais Ambiental, suspeita de ser empresa de fachada alvo da Operação Rejeito.

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Nikolas Ferreira - Reprodução/Instagram @nikolasferreiradm

O assessor jurídico do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), Thiago Rodrigues de Faria, aparece como intermediário em um contrato milionário envolvendo a empresa Gmais Ambiental, investigada pela Polícia Federal na Operação Rejeito.

Segundo a PF, a Gmais seria uma empresa de fachada, controlada de forma oculta pelo delegado Rodrigo Teixeira e pelo lobista Gilberto Carvalho, ambos aliados do PL mineiro e presos na operação.

O contrato milionário

O acordo foi firmado em janeiro de 2025 e previa a negociação de uma lavra minerária em Ouro Preto (MG). No inquérito da Justiça Federal, obtido pelo Estado de Minas, Rodrigues aparece como signatário em nome de seu escritório de advocacia, aberto em 2024.

O contrato previa a divisão dos lucros em caso de reativação da área:

  • 25% para o escritório de Thiago Rodrigues;
  • 25% para a Estabil Contabilidade;
  • 50% para a Gmais Ambiental.

Os valores estimados variavam entre US$ 30 milhões e US$ 45 milhões, com comissões de até 20%.

A área em questão, a barragem de Água Fria, é considerada de alto risco de rompimento pelo Ministério Público Federal, em condições semelhantes às tragédias de Mariana e Brumadinho.

Empresa de fachada e grupo secreto

As investigações mostram que a Gmais funcionava em um endereço de clínica de estética em Belo Horizonte. Inicialmente, o lobista Gilberto Carvalho figurava como sócio, mas depois o posto foi assumido oficialmente por seu marido, Luiz Fernando Vilela Leite.

Interceptações da PF apontam que, em abril de 2024, Thiago Rodrigues criou o grupo de WhatsApp “Projeto Ferro”, onde discutia os termos da negociação com Carvalho e Teixeira.

Em uma das mensagens, Rodrigues pede uma reunião com alguém identificado como “R”, que a PF confirmou ser Rodrigo Teixeira. Diversas versões de contratos circularam no grupo antes da assinatura final.

Influência política

A PF também identificou que Rodrigo Teixeira, então diretor do Serviço Geológico Brasileiro, usava empresas e pessoas interpostas para atuar no mercado minerário em articulação com empresários suspeitos de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Outro citado nas negociações foi o ex-deputado estadual João Alberto Paixão Lages, preso na mesma operação.

Já Gilberto Carvalho, com forte apoio de Nikolas Ferreira em sua candidatura ao comando do Crea-MG, também assessorou outros nomes do PL mineiro, como a coronel Cláudia Romualdo, candidata a vice-prefeita de Belo Horizonte em 2024.

O que dizem os citados

Em nota, Nikolas Ferreira declarou que o contrato “diz respeito a uma área disponível no mercado” e que Thiago Rodrigues, como advogado, pode atuar em negociações desse tipo dentro de sua atividade privada. O deputado reforçou não ter qualquer relação com o negócio.

Thiago Rodrigues afirmou que recebeu a proposta para intermediar a venda da lavra e que agiu “dentro da legalidade como advogado regularmente inscrito”.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.