Ataque Coordenado

Flávio Bolsonaro tenta impeachment de Moraes no Senado

Senador acusa ministro do STF de perseguição ao pai e repete discurso de vitimização política

JR Vital
por
JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Flávio Bolsonaro - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Brasília, 23 de julho de 2025 — O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) protocolou nesta quarta-feira um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes no Senado, alegando perseguição política a Jair Bolsonaro.


Tentativa de deslegitimação do STF

O pedido de impeachment apresentado por Flávio Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes não mira apenas um membro do Supremo Tribunal Federal — é um gesto coordenado para reforçar a retórica de vitimização do bolsonarismo e desestabilizar instituições que investigam os crimes do clã Bolsonaro. O requerimento se apoia em alegações de “censura” e “critério ideológico seletivo” para acusar Moraes de agir com parcialidade.

Flávio, atualmente sem base jurídica sólida para o pedido, usa como justificativa a decisão que impôs restrições de comunicação a Jair Bolsonaro, proibido de se manifestar publicamente após evidências de articulações golpistas e tentativas de envolver governos estrangeiros em sua defesa. O senador alega que a medida seria uma violação à “livre manifestação” e ao “direito coletivo da população de acesso às suas ideias”. A própria formulação do texto, porém, ignora decisões colegiadas e ignora o contexto de reiteradas tentativas de obstrução institucional por parte do ex-presidente.

Leia mais:

Disputa narrativa com alvos calculados

A peça enviada ao Senado recorre ao expediente previsível: comparar Bolsonaro com líderes de esquerda. Cita Dilma Rousseff em 2016 e o atual ministro do STF, Cristiano Zanin, enquanto advogado de Lula, para tentar construir uma tese de tratamento desigual por parte da Corte. Ignora, no entanto, que nem Dilma nem Lula conspiraram para sabotar eleições ou recorreram a forças internacionais em busca de apoio para questionar a soberania das urnas.

Flávio também denuncia o que chama de “vigilância sobre comunicações privadas”, como conversas entre Jair e Eduardo Bolsonaro, e afirma que encontros internacionais do ex-presidente estariam sendo tratados como suspeitos. A tentativa é clara: forjar um enredo de injustiça enquanto omite o histórico de cooptação militar, desinformação sistêmica e afronta à ordem democrática protagonizado por Bolsonaro.

Pedido sem respaldo, mas com função política

Na prática, o pedido de impeachment não deve prosperar no Senado. Mesmo com apoio da base bolsonarista, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) já sinalizou que não aceitará iniciativas que comprometam a estabilidade do Judiciário. Mas o objetivo de Flávio não é jurídico — é midiático e político: reafirmar a narrativa de que seu pai é vítima de perseguição e manter o bolsonarismo mobilizado em clima de confronto.

O Supremo Tribunal Federal não se manifestou sobre o pedido. A defesa de Moraes mantém silêncio institucional, respaldada por decisões referendadas em colegiado e por investigações em curso que envolvem o ex-presidente em esquemas de sabotagem institucional.


Perguntas e Respostas

Flávio Bolsonaro pode conseguir o impeachment de Alexandre de Moraes?
É improvável. O Senado não deu sinais de que acolherá a proposta.

Qual o argumento usado no pedido?
Que Moraes agiria com “critério ideológico seletivo” e teria violado a liberdade de expressão de Bolsonaro.

As acusações têm base legal?
Não. O pedido é sustentado por interpretações políticas, não por fatos jurídicos concretos.

O STF pode reagir institucionalmente?
Até o momento, não houve manifestação. Moraes continua respaldado por decisões colegiadas.

O pedido tem impacto político?
Sim. Serve para mobilizar a base bolsonarista e deslegitimar o Judiciário.

https://www.diariocarioca.com/wp-content/uploads/2025/09/Parimatch-728-90.jpg
Seguir:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.