Brasília, 6 de agosto de 2025 — O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, afirmou nesta quarta-feira (6) que não há qualquer desconforto entre os integrantes da Corte diante da decisão que impôs prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A medida foi determinada por Alexandre de Moraes na segunda-feira (4), após o descumprimento de medidas cautelares por parte do ex-mandatário.
Segundo Mendes, Moraes conta com “toda a confiança e o nosso apoio”. Ao ser questionado por jornalistas sobre possíveis divergências internas, o ministro foi direto: “Não tem isolamento algum”.
Durante evento do Instituto Esfera Brasil, em Brasília, o decano enfatizou a gravidade das acusações contra Bolsonaro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou que a suposta trama golpista previa até mesmo o sequestro e assassinato de Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e do próprio Moraes.
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“A Justiça não será feita de tola”, diz Moraes
A prisão domiciliar foi imposta após novas evidências de que Bolsonaro violou regras impostas pelo STF. No domingo (3), um vídeo do ex-presidente foi publicado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), contrariando a proibição de uso direto ou indireto de redes sociais.
Na decisão, Alexandre de Moraes afirmou que Bolsonaro continua desrespeitando o Judiciário, mesmo após medidas cautelares. “A Justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico”, escreveu o ministro ao justificar a nova ordem judicial.
Além da proibição de uso de celular e redes, Moraes restringiu visitas ao ex-presidente apenas a advogados, mas autorizou a presença de familiares nesta quarta-feira.
Defesa prepara recurso e EUA anunciam sanções
A defesa de Bolsonaro declarou ter sido “surpreendida” com a decretação da prisão e já prepara recurso à Primeira Turma do STF, composta por Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Flávio Dino e o próprio Moraes. A expectativa é que o recurso seja analisado nos próximos dias.
Paralelamente, a decisão do STF repercutiu no cenário internacional. O governo dos Estados Unidos, presidido por Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira sanções contra Alexandre de Moraes e outros ministros da Corte, alegando perseguição judicial.
Trump também incluiu o Brasil em um novo tarifaço de 50% sobre produtos de exportação, citando a “caça às bruxas contra Bolsonaro” como justificativa. A medida impacta setores agrícolas e industriais e já gerou reação da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Itamaraty.


