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Vazamento de vídeo intimo expõe Glenn Greenwald

Rio de Janeiro, 30 de maio de 2025 – O vazamento de vídeos íntimos do jornalista norte-americano Glenn Greenwald provocou um terremoto político-digital nesta quinta-feira. As imagens, que rapidamente se espalharam pelas redes sociais, mostram Greenwald em uma situação de aparente submissão, enquanto é humilhado verbalmente por um homem que o obriga, entre insultos e ordens autoritárias, a realizar uma transferência de R$ 10 mil via PayPal. Embora o conteúdo seja evidentemente privado, sua publicação pública escancara uma agenda de ataque político com tintas morais e sexuais — e reacende o debate sobre violência simbólica, homofobia e censura política no ambiente digital global.

Campanha orquestrada contra dissidentes?

A sequência do vídeo — em que o interlocutor dirige ofensas como “seu lixo” e “lambe a p* da sola do meu pé” ao jornalista, exigindo obediência submissa enquanto profere ordens financeiras — escancara uma dinâmica de dominação racializada, religiosa e hierárquica. Ao fundo, o silêncio de Greenwald, vestido como uma empregada doméstica, carrega camadas perturbadoras: entre o direito à liberdade sexual e a brutalidade do vazamento, se insinua uma tentativa deliberada de humilhação pública.

Não por acaso, o episódio ocorre poucos dias após o jornalista criticar com veemência o governo de Israel por suas ações na Faixa de Gaza, conforme registrado pelo próprio Greenwald em suas redes. A relação entre sua atuação crítica — frequentemente centrada em violações de direitos humanos e geopolítica do poder — e o momento da exposição midiática levanta suspeitas concretas sobre um ataque político com roupagem moralista.

A resposta de Glenn Greenwald

Em pronunciamento publicado nesta manhã em seu perfil no X, Greenwald foi direto: “Ontem à noite, foram divulgados vídeos online que retratam comportamentos da minha vida privada. Alguns foram distorcidos e outros não. Foram publicados sem o meu conhecimento ou consentimento e, por isso, a sua publicação foi criminosa.”

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Mais do que uma defesa individual, o jornalista articulou uma denúncia política: “Embora ainda não saibamos exatamente quem é o responsável, estamos perto de saber, e o motivo foi maliciosamente político.” Sem se esconder ou recuar, Greenwald deixou claro que não se envergonha dos atos íntimos retratados nas imagens, enfatizando que se tratam de práticas consensuais entre adultos, sem violência ou dano a terceiros.

Sua declaração também destaca o desconforto de ver sua intimidade transformada em espetáculo público contra sua vontade — e denuncia o uso dessa exposição como instrumento de intimidação política: “É por isso que o comportamento é privado em primeiro lugar — mas o único erro aqui é a publicação criminosa e maliciosa dos vídeos para promover uma agenda política.”

O jogo sujo da extrema-direita digital

A arquitetura do linchamento virtual não é nova — especialmente contra vozes dissidentes que denunciam abusos de poder, expõem militarismo ou confrontam as narrativas dominantes da extrema-direita global. O que o episódio de Glenn Greenwald explicita com brutal clareza é a renovação de uma velha tática: atacar a reputação de jornalistas independentes explorando aspectos de suas vidas privadas que possam chocar o moralismo das massas ou alimentar discursos homofóbicos.

Mais do que um ataque à privacidade, trata-se de uma tentativa de deslegitimação simbólica de um trabalho jornalístico incômodo — e, no caso de Greenwald, profundamente alinhado a causas como a defesa da Palestina, o combate ao imperialismo norte-americano e a crítica à censura corporativa e estatal.

Sexualidade, mídia e poder

É também impossível ignorar o recorte sexual do episódio. A linguagem do vídeo — com frases como “bota roupinha hoje para o teu rei negro?” ou “qual o meu nome, p*?” — evoca códigos da sexualidade gay, do BDSM e da racialização do desejo, manipulados aqui com o intuito explícito de ridicularização e escândalo. Trata-se de uma estratégia perversa: explorar convenções morais sobre o que é considerado “aceitável” na intimidade alheia para degradar politicamente a figura pública.

Este tipo de ataque serve a uma pedagogia repressora que pretende ensinar a dissidência a se calar — sob pena de exposição, humilhação e julgamento público. Ao transformar um ato privado em arma política, os agressores não apenas violam a liberdade individual, mas tentam reinstalar o pânico sexual como ferramenta disciplinadora.

A proteção da privacidade como fronteira democrática

Greenwald promete processar os responsáveis pelo vazamento. O episódio escancara, mais uma vez, a necessidade de legislações rigorosas para proteger dados e imagens íntimas, principalmente em um contexto em que a manipulação digital e os linchamentos virtuais se tornaram arma recorrente contra jornalistas, ativistas e figuras públicas.

No caso de Glenn Greenwald, o vazamento não fragiliza sua credibilidade — ao contrário: revela o grau de ameaça que seu trabalho representa para certos setores, a ponto de tentarem calá-lo com métodos tão baixos quanto ilegais.

A história, aqui, é menos sobre sexo e mais sobre poder. Sobre como a luta contra injustiças internacionais — da Palestina ao Brasil — pode ser sufocada por táticas de exposição e escárnio. Mas também sobre como resistir. “Isso não mudará meu trabalho”, escreveu Greenwald. E é exatamente por isso que tentaram silenciá-lo.

JR Vital
JR Vitalhttps://www.diariocarioca.com/
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.
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