Jair Bolsonaro não é indiciado no escândalo da “Abin Paralela”, diz Polícia Federal

Apesar de apontar indícios contra o ex-presidente, PF decidiu não indiciá-lo no inquérito da espionagem ilegal. Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem estão entre os 36 indiciados.

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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Jair Bolsonaro - Foto: Marcos Corrêa/PR

A Polícia Federal informou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não foi indiciado no inquérito que apura o escândalo da chamada “Abin paralela”, como chegou a ser veiculado anteriormente. A corporação concluiu que, embora existam indícios de autoria e materialidade envolvendo Bolsonaro, não caberia um novo indiciamento pelos mesmos fatos que já motivaram seu indiciamento no inquérito da tentativa de golpe de Estado. As informações são do UOL

O entendimento da PF é de que o ex-presidente já responde pelo crime de organização criminosa naquele outro processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), e que os elementos do caso da Abin paralela se conectam diretamente à mesma estrutura investigada.


Quem foi indiciado

A lista de 36 indiciados no inquérito da Abin paralela inclui nomes de peso no bolsonarismo, como:

  • Carlos Bolsonaro (PL-RJ), vereador no Rio de Janeiro e filho do ex-presidente;
  • Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal.

Ambos são apontados como peças-chave no suposto esquema de espionagem ilegal, que teria usado recursos da Abin para monitorar adversários políticos, autoridades e até integrantes do próprio governo.


A conexão com o “gabinete do ódio”

O relatório da PF detalha que as investigações encontraram fortes indícios de que o “gabinete do ódio”, núcleo digital bolsonarista, estaria diretamente vinculado ao uso ilegal de sistemas da Abin. Segundo os investigadores, o grupo operava uma espécie de estrutura paralela de inteligência, voltada a fins políticos e pessoais, alheios às funções institucionais do órgão.

Essa engrenagem clandestina, segundo a apuração, teria sido usada para:

  • Espionar opositores;
  • Monitorar autoridades públicas;
  • Acompanhar jornalistas, magistrados e membros do próprio governo considerados “infiéis”.

Por que Bolsonaro ficou fora do indiciamento?

A decisão de não incluir Jair Bolsonaro na lista dos indiciados é, segundo a PF, de natureza técnica e processual. O argumento central é que o ex-presidente já foi formalmente indiciado por organização criminosa no âmbito do inquérito do golpe de Estado, conduzido também pela Polícia Federal e sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Dessa forma, a eventual responsabilização de Bolsonaro pelos fatos relacionados à Abin paralela seguirá por aquele outro processo já em curso, evitando, segundo a PF, a duplicidade de indiciamentos baseados nos mesmos elementos fáticos.


O que acontece agora?

O inquérito da Abin paralela segue sob análise do STF, que decidirá se acata ou não os pedidos de medidas cautelares, como:

  • Prisões preventivas;
  • Quebra de sigilos bancários e telemáticos;
  • Bloqueio de bens dos investigados.

Ao mesmo tempo, o andamento das investigações que miram diretamente Jair Bolsonaro continuará no inquérito do golpe, onde o ex-presidente já figura como indiciado formalmente por organização criminosa, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e golpe de Estado.


O Carioca Esclarece

O que é a “Abin paralela”?
Trata-se de uma suposta estrutura clandestina de espionagem, montada dentro da própria Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que teria sido usada, durante o governo Bolsonaro, para monitorar ilegalmente opositores, autoridades públicas e até aliados.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.