Povo saindo do Transe

Lula cresce entre eleitores de Bolsonaro, diz pesquisa do PL

Resposta firme ao tarifaço de Trump reforça soberania e amplia apoio popular ao governo

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Lula - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Brasília, 14 de julho de 2025 — Levantamento interno do Partido Liberal aponta crescimento da popularidade de Lula entre eleitores bolsonaristas após reação contundente do governo à ofensiva tarifária dos EUA.

O Partido Liberal, legenda de Jair Bolsonaro, detectou um movimento que antes era tratado como improvável: o avanço do presidente Lula em setores bolsonaristas. Dados coletados em pesquisas internas encomendadas pela cúpula do PL mostram que a retórica do governo contra o tarifaço de Donald Trump conseguiu furar a bolha antipetista, sobretudo em redutos conservadores do Centro-Oeste e Sul. O crescimento é tímido — cerca de dois pontos percentuais —, mas revela um deslocamento simbólico: Lula voltou a ocupar o centro da disputa nacional com soberania e discurso político.

A guinada não se deu por concessão, mas por enfrentamento. Após o anúncio de Trump de que imporia uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros, o Planalto abandonou a moderação e passou a defender de forma explícita a soberania econômica e a justiça social. Foi o suficiente para gerar desconforto no bolsonarismo, que esperava do ex-presidente dos EUA uma postura mais agressiva em defesa do ex-capitão. Nos bastidores, dirigentes do PL reconhecem: Bolsonaro ficou sem discurso diante do gesto hostil vindo justamente de seu principal aliado internacional.

A erosão no campo bolsonarista se acentuou com o silêncio calculado do ex-presidente e a hesitação de seus aliados em defender o Brasil contra o tarifaço. Enquanto Lula ampliava o tom e ganhava espaço em emissoras regionais com falas contundentes, os parlamentares ligados ao bolsonarismo hesitavam entre criticar Trump ou justificar a submissão. O vácuo foi rapidamente preenchido por governistas que entenderam o momento como um divisor de águas.

Segundo aliados próximos, Lula teria instruído ministros e porta-vozes a não recuar diante das chantagens de Washington, orientando o governo a assumir o custo político de um enfrentamento direto. A percepção interna é de que a sociedade, em especial as classes populares e os setores produtivos atingidos pelas tarifas, respondeu positivamente ao gesto. “É um presidente que não se curva. Isso tem peso, até entre quem não gosta dele”, comentou um assessor palaciano sob reserva.

Na avaliação de quadros do PT, a resposta de Lula à provocação estadunidense também contribuiu para recuperar o protagonismo narrativo que vinha sendo corroído pelas disputas internas com o Congresso. O episódio do IOF, que desgastou a relação entre Executivo e Legislativo, agora aparece como uma questão lateral frente ao novo realinhamento político forjado pela crise externa.

O desgaste do bolsonarismo não é apenas externo. Internamente, líderes do PL avaliam que o discurso patriótico de Lula ganhou tração onde o antipetismo já não mobiliza com a mesma intensidade. A surpresa, para alguns, veio de setores evangélicos moderados e de produtores rurais afetados diretamente pelas novas tarifas. “Tem eleitor nosso dizendo que Lula é mais firme que Bolsonaro com os gringos. Isso é perigoso”, admitiu um deputado federal do PL.

Mais do que um efeito pontual, o crescimento de Lula entre eleitores da direita tradicional indica que o campo democrático-popular soube aproveitar uma brecha estratégica deixada por seus adversários. Ao colocar a soberania na frente e nomear o inimigo — mesmo que este seja o presidente dos Estados Unidos —, Lula se reconecta com uma camada da população que espera do presidente algo além da estabilidade: espera coragem.

Perguntas e Respostas

De onde vem a pesquisa que mostra crescimento de Lula?
De levantamentos internos do Partido Liberal, legenda de Jair Bolsonaro.

Quantos pontos Lula subiu entre eleitores bolsonaristas?
Cerca de dois pontos percentuais, segundo dados reservados do PL.

O que motivou essa mudança no eleitorado?
A resposta firme de Lula ao tarifaço de Donald Trump e o discurso em defesa da soberania nacional.

Bolsonaro se pronunciou sobre as tarifas?
Não. O ex-presidente mantém silêncio, o que incomodou aliados e criou vácuo político.

O Planalto considera esse avanço eleitoral relevante?
Sim. A leitura é que mesmo modesto, o crescimento sinaliza um reposicionamento político de Lula.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.