Petrolina (PE) – No país da desigualdade consagrada, onde meia dúzia acumula enquanto milhões sobrevivem à míngua, Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer o óbvio que tanta gente insiste em negar: “Quando a gente quer promover o pobre e cobrar um pouquinho do rico, tem sempre gente contra”.
A declaração veio nesta quarta-feira (28 de maio) durante o encerramento da jornada Caminho das Águas, evento que integra o Novo PAC. Mas foi muito mais que um discurso protocolar. Foi um recado direto à elite rentista, à bancada do atraso e a todos que, em nome do “mercado”, tratam justiça fiscal como heresia.
O rico não gosta de ser cobrado
Lula não poupou palavras para denunciar o incômodo visceral que parte da elite sente sempre que se fala em redistribuição de renda. “Tem muita gente que não quer que o pobre cresça, que o pobre melhore de vida. E essa luta é antiga, mas é necessária”, afirmou, em tom direto e sem maquiagem retórica.
O recado, ainda que indireto, atinge em cheio o empresariado antipolítica, os colunistas do rentismo e os lobistas que rondam Brasília para manter bilionários isentos enquanto famílias pobres penam para comprar o básico.
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Investimento social não é esmola
Num país que ainda trata políticas sociais como favor, Lula resgatou uma obviedade econômica que muitos fingem ignorar: investimento social é alavanca de desenvolvimento. “As políticas sociais não são gasto. São investimento em inclusão, geração de oportunidade e justiça”, declarou.
Enquanto isso, no Congresso, avança a resistência contra tributar grandes fortunas e enfrentar a sonegação fiscal, que custa bilhões por ano ao Brasil. Segundo dados da Receita Federal, a evasão de impostos chega a R$ 600 bilhões anuais — valor que, bem direcionado, garantiria saúde, educação e moradia para milhões.
Bolsa Família como política de Estado
O presidente reafirmou o compromisso de fortalecer o Bolsa Família, programa que a extrema-direita tentou desmontar sob pretextos ideológicos e desinformação rasteira. Lula lembrou que não se trata de assistencialismo, mas de um pilar de reconstrução nacional. “Não é possível pensar um Brasil justo sem combater as desigualdades e garantir que todos tenham acesso ao básico”, frisou.
Com o Novo Bolsa Família, mais de 21 milhões de famílias voltaram a receber auxílio com condicionalidades vinculadas à saúde e à educação, retomando o modelo que havia sido desmontado no governo Bolsonaro.
Caminho das Águas e o Brasil profundo
O evento em Petrolina também serviu para celebrar os avanços da transposição do Rio São Francisco, que já beneficia milhares de famílias no sertão nordestino. Lula aproveitou para lembrar que obras como essa não servem a acionistas, mas à população mais esquecida pelo poder.
“O Novo PAC não é para banqueiro. É para o povo”, declarou, em recado aos que tratam investimento público como crime e abandonam o Brasil profundo à própria sorte.
O Carioca esclarece
Quem são os que resistem à justiça fiscal?
Setores da elite econômica, representantes do agronegócio predatório, bancos e parlamentares ligados ao capital especulativo, que veem qualquer tentativa de redistribuição como ameaça ao seu poder.
O que significa promover o pobre, segundo Lula?
Garantir acesso a serviços básicos, renda, infraestrutura e oportunidades, transformando desigualdade estrutural em justiça social.
Por que investir em políticas sociais é estratégico?
Além de reduzir a pobreza, o investimento social fortalece o mercado interno, melhora indicadores de saúde e educação, e dinamiza a economia real.
Como a elite manipula o discurso sobre impostos?
Disfarça privilégios como meritocracia e usa a mídia para criminalizar a tributação progressiva, mantendo o foco no “corte de gastos” enquanto sonega e lucra.



