INIMIGO DO POVO

Motta entrega Câmara a golpistas e pauta urgência de anistia nesta quarta

Presidente da Casa escolheu projeto de Marcelo Crivella como base para texto que beneficiará condenados do 8 de Janeiro. Votação será direto no plenário, sem comissões.

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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Hugo Motta - Foto: Lula Marques

O presidente da Câmara dos DeputadosHugo Motta (Republicanos-PB), capitulou definitivamente à agenda golpista e decidiu pautar para esta quarta-feira (17) a votação de urgência do projeto de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro de 2023.

Em anúncio nas redes sociais, Motta escolheu como base o texto do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) — que prevê anistia “ampla, geral e irrestrita” — e confirmou que, se a urgência for aprovada, nomeará um relator para construir um “texto substitutivo” com apoio da maioria.

A manobra — que ignora completamente a promessa de veto feita horas antes pelo presidente Lula à BBC — permitirá que a proposta pule a apreciação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e vá direto para o plenário, onde a base bolsonarista e o Centrão têm maioria para aprovar o perdão a golpistas.

O projeto Crivella: anistia total e censura judicial

O texto original de Crivella é um atentado à democracia:

  • Perdoa todos os crimes cometidos em “manifestações com motivação política e eleitoral” entre 30 de outubro de 2022 e a entrada em vigor da lei;
  • Anula decisões judiciais — incluindo liminares, medidas cautelares e sentenças transitadas em julgado — que limitem “liberdade de expressão de caráter político”;
  • Cria um salvo-conduto para futuras tentativas de golpe sob o disfarce de “manifestação”.

Motta afirma que o texto será modificado, mas a escolha dessa proposta como base revela sua intenção: negociar a partir do extremo.

A estratégia da urgência e o silêncio de Lula

Ao pautar a urgência, Motta:

  1. Acelera a tramitação para evitar debate público;
  2. Pula a CCJ, onde o texto enfrentaria objeções constitucionais;
  3. Cria um fato consumado para forçar a mão do Senado e do STF.

A decisão ocorre poucas horas após Lula declarar à BBC que vetaria qualquer anistia a Jair Bolsonaro — mas o presidente permanece em silêncio sobre a manobra de Motta.

O “relator de centro” e a farsa da pacificação

Motta promete nomear um “relator de centro” para construir um texto com “ampla maioria”. Na prática, isso significa:

  • Incorporar a lógica da “anistia light” já articulada em reuniões secretas;
  • Mantêr o núcleo duro do perdão a golpistas;
  • Vender a impunidade como “pacificação nacional”.

A fala de Motta sobre “respeito às instituições” soa como cinismo quando se promove anistia para quem tentou destruí-las.

Reação: até onde vai a cumplicidade do Planalto?

A comunidade jurídica e movimentos democráticos já alertaram: qualquer anistia a crimes contra a democracia é inconstitucional. Resta saber se:

  • STF agirá para impedir a votação;
  • Lula reafirmará publicamente o veto prometido;
  • sociedade reagirá com a força necessária.

Uma coisa é certa: Hugo Motta acaba de entrar para a história como o presidente da Câmara que entregou o Legislativo aos golpistas.

Leia a íntegra da publicação de Motta:

“O Brasil precisa de pacificação e de um futuro construído em bases de diálogo e respeito. O país precisa andar.

Temos na Casa visões distintas e interesses divergentes sobre os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023. Cabe ao Plenário, soberano, decidir.

Portanto, vamos hoje pautar a urgência de um projeto de lei do deputado Marcelo Crivella para discutir o tema.

Se for aprovada, um relator será nomeado para que possamos chegar, o mais rápido possível, a um texto substitutivo que encontre o apoio da maioria ampla da casa.

Como Presidente da Câmara, minha missão é conduzir esse debate com equilíbrio, respeitando o Regimento Interno e o Colégio de Líderes.”

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.