Rio de Janeiro, 25 de julho de 2025 — Em mais um aceno à extrema-direita internacional, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) defendeu, em entrevista recente, que os Estados Unidos intervenham diretamente no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, sinalizando apoio à ideia de que facções criminosas brasileiras sejam reconhecidas como organizações terroristas por governos estrangeiros.
Deputado bolsonarista endossa envolvimento estrangeiro
Durante participação no programa Arena Oeste, da Revista Oeste, veiculado no YouTube, o parlamentar reafirmou seu alinhamento com setores que defendem o enrijecimento da política de segurança por meio de cooperação internacional. A proposta foi sugerida por um dos apresentadores, Anderson Scardoelli, que mencionou articulações do governador Cláudio Castro com autoridades americanas para que o grupo Comando Vermelho fosse classificado como organização terrorista. Jordy respondeu afirmativamente e elogiou a ideia:
“De fato, nós temos que criminalizar as facções como terroristas. É algo interessante, é uma saída que deveria ser levada em consideração”, declarou.
Comparação com cartéis e silêncio diante de absurdos
Outro apresentador, Silvio Navarro, comparou o cenário fluminense ao da Colômbia durante a guerra contra os cartéis, afirmando que o crime organizado no Brasil é “muito mais violento”. Jordy, novamente, não contestou. A ausência de crítica por parte do parlamentar reforça o aval tácito à comparação e à proposta de ingerência estrangeira nos assuntos internos do país.
A menção à Colômbia não é casual: trata-se de um modelo histórico de colaboração direta dos Estados Unidos em políticas de combate ao narcotráfico, que envolveu apoio logístico, militar e estratégico.
Histórico de declarações antidemocráticas
Carlos Jordy, um dos quadros mais extremistas do bolsonarismo, tem um histórico conhecido por defender pautas radicais. Entre elas, já se posicionou favoravelmente ao trabalho infantil, à flexibilização do porte de armas para agressores de mulheres e à libertação de Chiquinho Brazão, apontado como mandante do assassinato de Marielle Franco.
A defesa da intervenção estrangeira por parte de um parlamentar brasileiro levanta preocupações sobre soberania nacional e sobre os reais interesses por trás da retórica de combate ao crime.
Submissão geopolítica como projeto político
O discurso de Jordy, alinhado à ala bolsonarista que flerta com figuras como Donald Trump, revela uma estratégia explícita: internacionalizar o debate sobre segurança pública para justificar a entrega da política interna brasileira a interesses estrangeiros.
A tentativa de rotular facções como grupos terroristas perante o governo dos Estados Unidos não apenas abre espaço para medidas unilaterais de países estrangeiros em território nacional, como representa um enfraquecimento do Estado brasileiro diante do seu próprio sistema judicial e de segurança.
Conclusão: entreguismo sob pretexto de combate ao crime
A fala de Carlos Jordy não é apenas retórica radical — é uma manifestação perigosa de submissão política. Em nome do combate ao crime, setores bolsonaristas ensaiam abrir mão da soberania nacional, apelando para intervenções externas e reciclando fórmulas geopolíticas de países historicamente interessados na instabilidade da América Latina.