Vergonha

Cláudio Castro quer proteger o traidor da pátria Eduardo Bolsonaro com cargo no Rio

Governador articula nomeação para livrar o filho de Bolsonaro da cassação por faltas na Câmara

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Cláudio Castro - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Rio de Janeiro, 22 de julho de 2025 – O governador Cláudio Castro (PL) estuda nomear Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para uma secretaria estadual nos EUA. A manobra tem um único propósito: impedir a cassação do deputado por faltas parlamentares.

Um cargo fabricado para salvar um mandato perdido

A manobra que Cláudio Castro articula para blindar Eduardo Bolsonaro é escandalosa em seu propósito e explícita em seus métodos. O governador pretende criar uma secretaria especial fora do país — mais precisamente nos Estados Unidos — apenas para nomear o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e livrá-lo da cassação. Não há política pública envolvida, nem função estratégica. Trata-se de uma engenharia de poder com endereço certo e CPF carimbado.

Eduardo Bolsonaro está licenciado da Câmara dos Deputados há 120 dias, prazo que se esgotou no último domingo. Com isso, ele deveria ter retornado ao exercício do mandato nesta segunda-feira, sob risco de cassação por excesso de faltas. A nomeação para um cargo no Executivo estadual daria a ele nova justificativa para se ausentar legalmente do Parlamento.

Missão: proteger o 03

A iniciativa, revelada por Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, já foi discutida entre Castro e lideranças bolsonaristas em Brasília. O governador busca apoio para enfrentar o desgaste público e jurídico que a medida certamente traria. Ele também teria consultado diretamente o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), irmão de Eduardo, que reforçou a urgência da operação.

Na prática, o que se desenha é uma tentativa de driblar o Congresso e prolongar, artificialmente, o mandato de um parlamentar que abandonou suas funções legislativas. Eduardo não apenas descumpriu o mínimo esperado de um representante eleito, como passou os últimos meses nos Estados Unidos articulando pressões contra o Supremo Tribunal Federal e defendendo sanções internacionais ao país.

Investigado e protegido

A criação de uma secretaria sob medida para proteger um investigado por obstrução de Justiça e atentado à soberania nacional é mais que um escândalo. É uma afronta direta à legalidade democrática. Eduardo Bolsonaro é alvo de inquérito no STF por coação no curso do processo, ao tentar intimidar ministros da Corte. Sua atuação nos EUA tem sido apontada como parte de uma ofensiva internacional para enfraquecer o sistema judiciário brasileiro.

Castro foi alertado de que a nomeação pode abrir brechas jurídicas contra seu próprio governo. Mesmo assim, decidiu seguir com as tratativas — o que revela a profundidade da aliança entre ele e o clã Bolsonaro, mesmo após os escândalos, os crimes investigados e a tentativa fracassada de ruptura institucional em 8 de janeiro.

Outros governadores, mesma lógica

Tarcísio de Freitas (SP) e Jorginho Mello (SC) chegaram a ser sondados para assumir a “missão”, mas recuaram diante da repercussão negativa. Só Castro, até o momento, parece disposto a carregar esse fardo. A aposta é que, no Rio de Janeiro, a blindagem política oferecida pelo bolsonarismo ainda vale mais que a coerência constitucional.

A criação de um cargo estatal para salvar um mandato individual é mais do que desvio administrativo: é a normalização de um pacto de impunidade. Se confirmada, a nomeação deixará registrada mais uma tentativa explícita de usar a máquina pública para proteger quem trabalhou contra ela.

Quadro: Perguntas e Respostas

Por que Eduardo Bolsonaro corre risco de cassação?
Por ter ultrapassado o limite legal de faltas sem justificativa na Câmara dos Deputados.

O que Cláudio Castro pretende fazer?
Criar uma secretaria estadual nos EUA para nomeá-lo e afastá-lo novamente da Câmara.

Essa secretaria já existe?
Não. Seria criada exclusivamente para abrigar Eduardo Bolsonaro.

Outros governadores foram consultados?
Sim. Tarcísio de Freitas (SP) e Jorginho Mello (SC), mas só Castro avançou.

Eduardo Bolsonaro é investigado?
Sim. Responde no STF por obstrução de Justiça, coação e atentado à soberania nacional.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.