Oriente Médio

Mauro Vieira comemora consenso internacional na busca por uma solução para o fim do conflito no Oriente Médio

Ministro das Relações Exteriores fez um balanço de sua participação na Cúpula da Paz do Cairo e disse esperar que a situação dos brasileiros em Gaza possa se resolver nos próximos dias

A Cúpula para a Paz do Cairo, evento realizado na capital do Egito neste sábado, 21 de outubro, reuniu autoridades de diversos países do Oriente Médio, Europa, Ásia, África e do continente americano - Foto: Presidência do Egito
A Cúpula para a Paz do Cairo, evento realizado na capital do Egito neste sábado, 21 de outubro, reuniu autoridades de diversos países do Oriente Médio, Europa, Ásia, África e do continente americano - Foto: Presidência do Egito

Representante do Governo Brasileiro na Cúpula para a Paz do Cairo, evento realizado na capital do Egito neste sábado, 21 de outubro, com autoridades de diversos países do Oriente Médio, Europa, Ásia, África e do continente americano, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que há um consenso, junto à comunidade internacional, na busca por uma solução para a crise no Oriente Médio, pela criação do Estado Palestino, pela necessidade urgente de ajuda e saídas humanitárias, e por um acordo que encerre as hostilidades e ponha fim à onda de violência na região.
 

A discussão foi muito franca e muito aberta. Acho que, como resultado, a gente pode dizer que houve consenso entre todos os participantes de que é chegada a hora de se negociar uma solução”. (Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores).

“A discussão foi muito franca e muito aberta. Acho que, como resultado, a gente pode dizer que houve consenso entre todos os participantes de que é chegada a hora de se negociar uma solução”, afirmou Mauro Vieira. “Houve também um consenso com relação à criação dos dois estados independentes vivendo lado a lado, em paz, com fronteiras internacionalmente conhecidas”, continuou.
 

O ministro ainda destacou a concordância dos países em torno da necessidade de ajuda humanitária e saídas que permitam que os civis possam deixar a zona de conflito, além de um acordo que permita o fim das mortes tanto em Israel quanto na Palestina.
 

“Houve um consenso com a necessidade imediata de uma ajuda humanitária e saídas humanitárias. Houve também um consenso de que é indispensável a cessação de hostilidades e o fim da violência que tem acontecido, com mortes repetidas, mortes numerosas, de lado a lado, maiores ainda do lado palestino. Acho que o consenso nesses quatro pontos foi, sem dúvida nenhuma, muito importante”.
 

O representante brasileiro revelou que levou ao ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, a ideia de que novas edições de iniciativas semelhantes à egípcia possam se repetir para que os vários países participantes ajudem Israel e Palestina a chegar a um acordo que ponha fim às hostilidades.
 

“Manifestei, ao ministro do exterior do Egito, a esperança de que haja novas edições em breve e que esse grupo de países vá se ampliando até que se chegue a uma negociação com as duas partes envolvidas”.
 

Além do Brasil e do país anfitrião, participam da Cúpula da Paz do Cairo os Estados Unidos, Grécia, Itália, Espanha, Reino Unido, Kuwait, Japão, Palestina, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Nações Unidas, Bahrein, França, Catar, Líbia, Kuwait, Arábia Saudita, Alemanha, Noruega, Oman, Grécia, Iraque, Rússia, Marrocos, África do Sul, Chipre, Turquia, Mauritânia, Canadá, além de representantes da União Europeia, União Africana, Nações Unidas e Liga dos Estados Árabes.
 

ABERTURA DA FRONTEIRA – Mauro Viera destacou ainda outro avanço obtido neste sábado: a abertura da fronteira por parte do Egito para que os primeiros caminhões com ajuda humanitária entrassem na Faixa de Gaza.
 

“Isso foi muito importante. Havia, entre os países que participaram da reunião, uma consciência de que a passagem para a entrada de ajuda humanitária é indispensável. Tem pessoas em Gaza morrendo por falta de remédios, por falta até de água potável. Pessoas internadas em hospital, crianças, idosos e é absolutamente necessário. Hoje entraram 20 caminhões, que é insuficiente, é muito pouco. Eu conversei com o secretário-geral da ONU (António Guterres), que me disse que para atender as necessidades mínimas são necessários 100 caminhões por dia. Mas é um primeiro passo”.
 

Para o ministro, a expectativa é de que essa ajuda possa ser ampliada nos próximos dias. “Há duas semanas que não havia nada. Hoje, haver 20 já foi um passo importante e espero que nos próximos dias se possa chegar a um entendimento que se atenda, pelo menos, às necessidades básicas”.
 

Não houve abertura da fronteira pela passagem de Rafah. Apenas para a entrada de ajuda humanitária. Espero que, nos próximos dias, amanhã ou depois de amanhã, tão logo possível, se permita a saída desses brasileiros e também de nacionais de outros países” (Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores)
 

BRASILEIROS – Apesar dos avanços obtidos no encontro, Mauro Vieira frisou que até o momento ainda não houve uma definição sobre a situação dos brasileiros que atualmente estão abrigados nas cidades de Khan Younis e Rafah, na Faixa de Gaza, à espera de uma autorização para entrar no Egito e serem repatriados ao Brasil.
 

“Ainda não temos nada concreto. Eu, inclusive, no meu pronunciamento, disse que estava hoje nessa reunião representando o presidente Lula para trazer a palavra do Brasil pela busca de um entendimento e uma negociação de uma saída na direção da paz nesse conflito e também para pedir a liberação dos 26 brasileiros que ainda estão na faixa de Gaza e que não saíram até o momento”, explicou o ministro.
 

Ele ressaltou que a passagem de Rafah, porta de entrada para o Egito, foi aberta apenas para a ajuda humanitária e disse que espera que esse cenário possa ser modificado em breve. “Não houve abertura da fronteira pela passagem de Rafah. Apenas para a entrada de ajuda humanitária. Espero que, nos próximos dias, amanhã ou depois de amanhã, tão logo possível, se permita a saída desses brasileiros e também de nacionais de outros países”.
 

Mauro Viera concluiu ressaltando que o Governo Brasileiro tem dado todo o apoio aos brasileiros enquanto ainda não é possível retirá-los da Faixa de Gaza. “Nós temos uma preocupação imediata com esses 26 e estamos também tomando as providências todas possíveis. A nossa embaixada junto ao Estado Palestino, que fica em Ramala, tomou providências. Os brasileiros foram relocados mais próximos da fronteira dessa passagem de Rafah, estão a um quilômetro de distância, há todo um esquema de ônibus para levá-los até a passagem da fronteira e para, do lado egípcio, recolhê-los e levar até o aeroporto, onde um avião da Força Aérea vai transportá-los para o Brasil”, detalhou o ministro.
 

Do Cairo, Mauro Vieira embarca ainda neste sábado para Nova York, onde participa na semana que vem de novas reuniões no Conselho de Segurança, presidido pelo Brasil neste mês de outubro. “Estou voltando para lá hoje, porque semana que vem temos, no dia 25, reunião do Conselho de Segurança. É a realização do debate mensal sobre o Oriente Médio e a questão Palestina, além de outras reuniões”.
 

VOLTANDO EM PAZ – Na manhã deste sábado, a aeronave KC-390 Millennium (Embraer), da Força Aérea Brasileira (FAB), pousou na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, vinda de Tel Aviv, em Israel. Dos 69 passageiros, dois desembarcaram em Recife e 67 no Galeão, juntamente com 9 pets transportados.
 

Com isso, a Operação Voltando em Paz, do Governo Federal, contabiliza até o momento um total de 1.201 brasileiros repatriados da zona de conflito no Oriente Médio, bem como 44 animais domésticos.