Rio de Janeiro, 31 de maio de 2025 — O Rio de Janeiro voltou a ser palco da história neste mês de maio. Desta vez, não por protestos ou tragédias políticas, mas por uma celebração monumental da arte pop: Lady Gaga foi oficialmente reconhecida pelo Guinness World Records como a artista feminina a atrair o maior público para um show gratuito, com impressionantes 2,5 milhões de pessoas reunidas em Copacabana, no dia 3 de maio de 2025.
A confirmação veio neste sábado e selou o que já se intuía desde os primeiros relatos da noite: uma multidão sem precedentes, organizada em torno de um espetáculo coreografado com precisão, teatralidade e intensidade. A performance de Gaga, parte da turnê Mayhem, superou o recorde de Madonna, que havia reunido 1,6 milhão de pessoas no mesmo lugar um ano antes.
Pop e política no calçadão
O feito de Gaga é mais que um número: é um marco simbólico para um Brasil em busca de respiros culturais diante da asfixia provocada por anos de obscurantismo político. A cena de milhões reunidos no calçadão de Copacabana, embalados por uma “ópera gótica” eletrificada, evoca uma cidade que insiste em viver — mesmo à margem da precarização imposta por sucessivas administrações municipais e estaduais que tratam a cultura como ornamento descartável.
Mais do que celebrar uma diva pop, o Rio de Janeiro celebrou a liberdade de expressão, a potência da presença feminina nos palcos e o poder coletivo do afeto — valores que a extrema-direita brasileira tenta reprimir com censura, fake news e culto à ignorância.
Da dor à catarse
Durante a apresentação, Lady Gaga emocionou o público ao relembrar o cancelamento de sua participação no Rock in Rio 2017. À época, a artista enfrentava fortes crises de fibromialgia, e sua ausência foi cercada de especulações e ataques misóginos. Em 2025, ela respondeu com arte, energia e um discurso emocionado: “Obrigada por me receberem de volta. Amo vocês para sempre.”
A frase, traduzida simultaneamente em telões, reverberou como redenção. Para milhares, foi mais que música: foi um abraço coletivo, um aceno à resiliência de quem resiste à dor — física, política ou social.
Riotur, Guinness e contradições
Enquanto a Riotur estimava inicialmente 2,1 milhões de pessoas, o Guinness World Records atualizou os dados com imagens de satélite e cálculos de densidade, fechando a conta em 2,5 milhões. O número não apenas reforça o status de Gaga como ícone global, mas também expõe a fragilidade das estatísticas públicas brasileiras — frequentemente manipuladas conforme o humor do governante de plantão.
Não à toa, setores reacionários já tentam minimizar o feito nas redes, acusando a “grande mídia” de inflar números ou ignorar “problemas reais”. Trata-se da velha estratégia da desinformação, em que qualquer fato que confronte a narrativa bolsonarista vira alvo de delírio conspiratório.
O Brasil que dança e resiste
No Brasil que assiste ao desmonte da cultura, à perseguição de artistas críticos e à mercantilização do espaço público, o recorde de Lady Gaga é mais do que um feito técnico: é um gesto de resistência. Ao transformar a praia em palco e a multidão em coro, Gaga resgata o Rio de Janeiro como território simbólico de encontros, desejos e utopias.
Que a imagem de milhões cantando juntos sob a noite de Copacabana sirva como memória viva para tempos em que se tentaram apagar corpos, vozes e expressões.
E que fique o recado, em alto e bom som: o Brasil é maior que seus algozes.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		