Em uma reunião de mais de duas horas com a bancada do PT, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) afirmou que o projeto do Imposto de Renda (IR) só será votado se antes for apreciado o texto da dosimetria das penas para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
A fala causou surpresa, já que Paulinho não tem poder formal para definir a pauta da Câmara. A declaração, porém, levantou suspeitas de articulação política entre ele, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o relator do IR, Arthur Lira (PP-AL).
Anistia em disputa
Na mesma reunião, que também contou com o deputado Fred Costa (PRD-MG), o tema da anistia voltou ao centro do debate. O projeto de Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que prevê perdão amplo aos envolvidos no 8 de janeiro, deve ser votado na próxima semana.
Paulinho voltou a defender que o perdão ajudaria a “pacificar o país”, enquanto o PT reiterou posição contrária a qualquer tipo de anistia. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que até o PL estaria dividido, com parte da legenda defendendo anistia a Bolsonaro, mas enfrentando resistência interna.
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Parlamentares lembraram ainda que a proposta de dosimetria seria inconstitucional, já que equivaleria a legislar sobre decisão já tomada pelo STF.
Colégio de Líderes
Paralelamente, na reunião do Colégio de Líderes, Hugo Motta e Arthur Lira garantiram que o projeto do IR será votado na próxima semana. A fala de Paulinho, no entanto, coloca em dúvida o calendário, ao condicionar a votação ao avanço da dosimetria.
Próximos passos
O presidente da Câmara deve decidir entre terça e quarta-feira se pautará o projeto da dosimetria. Caso contrário, dificilmente a matéria avançará ainda este ano.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) alertou que, se Paulinho insistir em levar a proposta ao plenário sem apoio do PT e nem mesmo do PL, o mais sensato seria retirar o texto. Ele reconheceu que o calendário legislativo dificulta a votação antes de outubro.
