Goiânia, 17 de julho de 2025 — No Congresso da UNE, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o Brasil vai taxar as big techs dos Estados Unidos e acusou Donald Trump de agir com arrogância colonial. A fala eleva a tensão entre os dois países, após as tarifas retaliatórias de Washington.
Taxar os impérios digitais é defender o Brasil
Lula não escolheu palavras diplomáticas. Diante de milhares de estudantes em Goiânia, mandou um recado direto ao presidente dos Estados Unidos: “Não é um gringo que vai dar ordem a esse presidente da República.” O alvo: Donald Trump, atual ocupante da Casa Branca, que retomou o protecionismo tarifário como arma contra o Sul Global — desta vez mirando o Brasil.
A reação de Lula — com a promessa de taxar Google, Meta e outras gigantes da tecnologia — não é só econômica. É política. É soberana. É uma resposta à tentativa dos EUA de manter os países periféricos no papel de consumidores subalternos e alvos passivos de vigilância digital.
Trump ignorou as tentativas do Itamaraty de abrir diálogo. Justificou as novas tarifas acusando o Brasil de estar “próximo demais de Bolsonaro”. Lula ironizou: “Tenho certeza de que o presidente americano jamais negociou 10% do que eu negociei na minha vida.”
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O povo brasileiro como sujeito político
A fala presidencial cravou um símbolo: “Eu sei quem faz esse país ser o que é: o nome dessa pessoa só tem quatro letras, chama-se povo.” Não era só retórica. Era linha de frente. Ao lado de ministros como Camilo Santana, Luciana Santos e Rui Costa, Lula ecoou uma concepção de soberania que passa pela justiça fiscal, enfrentamento à desinformação e ruptura com o modelo extrativista das big techs.
Enquanto isso, a ala empresarial do governo — liderada por Geraldo Alckmin — prefere o silêncio calculado. Empresários do agro, da indústria e do capital multinacional pressionam por uma saída “negociada”. Mas negociar o quê? A entrega de dados? A sonegação em escala global? A submissão fiscal?
A proposta de Lula vai além da taxação. Implica regular o poder desmedido das plataformas, que seguem operando sem transparência, sem limites e sem pagar impostos proporcionais ao lucro que sugam da sociedade brasileira.
UNE como termômetro de um novo projeto
O Congresso da UNE, com o tema “O Brasil se une pela soberania”, não foi cenário: foi agente. Estudantes ergueram bandeiras do Brasil — não como símbolo da extrema-direita, mas como instrumento de retomada popular. Gritaram contra Trump, exigiram justiça contra Bolsonaro e puxaram o clássico canto “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” como forma de afirmar que soberania não é slogan: é prática política.
A presidente da UNE, Manuella Mirella, sintetizou o momento ao conectar as pautas da juventude às disputas centrais do país: regulação das plataformas, tributação dos ultrarricos, redução da jornada de trabalho e fim da imunidade fiscal das big techs.
A guerra digital já começou — e o Brasil, ao que parece, está disposto a não perder de novo.
Perguntas e Respostas
O que Lula anunciou sobre as big techs?
O presidente prometeu taxar empresas como Google e Meta, hoje isentas de impostos proporcionais ao lucro que extraem do Brasil.
Por que Lula criticou Trump?
Trump impôs tarifas ao Brasil e ignorou pedidos de diálogo. Lula reagiu acusando o governo americano de arrogância e colonialismo digital.
Há consenso no governo sobre a taxação?
Não. Enquanto Lula e ministros defendem a medida, alas ligadas ao empresariado — como Alckmin — preferem negociar.
Qual o papel da UNE nesse embate?
A UNE serviu como palco de apoio popular à soberania digital, com críticas a Trump e Bolsonaro e defesa da justiça fiscal.
O que está em jogo nessa disputa com os EUA?
A disputa envolve soberania, tributação justa, regulação de plataformas e independência política frente ao imperialismo digital.



