Brasília, 17 de julho de 2025 — O ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quinta-feira, em coletiva no Congresso Nacional, que sua esposa Michelle será candidata ao Senado em 2026 pelo Distrito Federal.
Michelle entra em cena: a aposta central do bolsonarismo no DF
Sem direito a concorrer até 2030 após condenações por abuso de poder político, Jair Bolsonaro acelera o plano de sucessão familiar. A confirmação da pré-candidatura de Michelle Bolsonaro ao Senado pelo Distrito Federal marca o próximo movimento estratégico do clã. A aposta em Michelle sinaliza não apenas a tentativa de preservar capital político em meio à asfixia judicial, mas também a reorganização do PL como frente de resistência institucional contra o Judiciário e o governo Lula.
Na coletiva desta quinta-feira, Bolsonaro foi direto: “Temos interesse enorme nas eleições para o Senado para equilibrar os poderes.” A frase não é acidental. O ex-presidente sinaliza que o objetivo é montar uma bancada suficientemente leal para ameaçar mandatos de ministros do Supremo Tribunal Federal. A obsessão com Alexandre de Moraes — alvo frequente de sua retórica — voltou à cena como exemplo de quem o bolsonarismo quer neutralizar.
Estratégia de blindagem e vingança no Senado
Michelle não está sozinha nessa ofensiva. Bolsonaro também articula a ida de Carlos Bolsonaro para Santa Catarina, afirmando que pesquisas internas apontam o vereador como líder nas intenções de voto no estado. A movimentação é clara: dispersar os filhos em zonas eleitorais distintas, onde o bolsonarismo ainda conserva tração, para consolidar um cinturão parlamentar blindado e, se possível, retaliador.
O plano inclui a reeleição de Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro, possivelmente em dobradinha com o governador Cláudio Castro. O ex-presidente ainda citou o pecuarista Bruno Scheidt em Rondônia, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado em Pernambuco e o militar da reserva Capitão Alberto no Amazonas como peças-chave da chapa ao Senado do Partido Liberal.
8 de janeiro e a política da anistia
Confrontado por jornalistas sobre o 8 de janeiro de 2023 — quando bolsonaristas tentaram depor à força os Três Poderes — Bolsonaro repetiu a estratégia de vitimização. Disse que, se estivesse no Brasil, teria sido “buscado em casa como troféu”. Reafirmou a defesa da anistia aos condenados pelo ataque, alegando que há maioria no Congresso para aprovar a medida. Trata-se de mais um capítulo da tentativa do bolsonarismo de reescrever o golpe como um “protesto legítimo” e transformar golpistas em mártires.
Eduardo Bolsonaro: utilidade política no exílio
O ex-presidente também falou sobre a situação de Eduardo Bolsonaro, atualmente licenciado do cargo de deputado federal e abrigado nos Estados Unidos. Sem disfarçar a estratégia, afirmou que o filho é “mais útil lá do que aqui”, insinuando que sua atuação nos bastidores do trumpismo internacional é parte de uma articulação de longo alcance. A volta ao Brasil, disse, representaria risco de prisão imediata. Eduardo é investigado por articular, no exterior, ações de sabotagem institucional contra o Estado brasileiro.
Perguntas e Respostas
Michelle Bolsonaro já é oficialmente candidata?
Não. Ela foi anunciada como pré-candidata ao Senado pelo PL do Distrito Federal para as eleições de 2026.
Bolsonaro pode disputar eleições?
Não. Ele está inelegível até 2030 por decisão do TSE, devido a crimes eleitorais cometidos em 2022.
Carlos Bolsonaro pode se candidatar por Santa Catarina?
Sim. A legislação permite que o vereador mude o domicílio eleitoral para disputar vaga ao Senado em outro estado.
Quantos senadores o PL pretende eleger?
O plano do partido é formar uma bancada de pelo menos 10 senadores bolsonaristas em 2026.
Eduardo Bolsonaro está foragido?
Não oficialmente, mas está nos EUA desde que se intensificaram as investigações sobre seu papel em ações antidemocráticas.