Recurso

Moraes dá 5 dias para PGR se manifestar sobre prisão de Braga Netto

General tenta escapar da cadeia, mas STF aguarda parecer da PGR enquanto acusações de sabotagem institucional se acumulam.

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Paulo Gonet e Alexandre de Moraes Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

Brasília (DF) – O general Walter Braga Netto, que já foi cotado para a presidência por bolsonaristas e agora amarga os dias atrás das grades, continua tentando escapar da prisão preventiva determinada pelo Supremo Tribunal Federal. Nesta quarta-feira, o ministro Alexandre de Moraes deu cinco dias para que a Procuradoria-Geral da República (PGR), comandada por Paulo Gonet, se manifeste sobre o novo pedido de liberdade apresentado pela defesa do militar.

Manobra jurídica ou desespero?
A defesa do general tenta emplacar a tese de que o processo já está em “estágio avançado” e que não haveria mais investigações a proteger. Em petição ao STF, os advogados alegam que “não há investigações em curso” e que manter a prisão agora seria uma forma de punir Braga Netto de forma antecipada. Eles esperam que, com o fim das oitivas das testemunhas, o general possa retomar sua liberdade.

Mas o histórico recente não é animador para o ex-ministro da Defesa. Na semana passada, Moraes já havia negado o pedido de soltura, sustentando que Braga Netto ainda representa risco ao andamento do processo, inclusive por sua capacidade de interferir na produção de provas e influenciar testemunhas.

O peso da delação de Mauro Cid
Braga Netto está preso desde dezembro de 2024, acusado de ter tentado interferir diretamente nas investigações do caso que apura uma tentativa de golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a Polícia Federal, ele teria buscado acesso a informações sigilosas da delação do tenente-coronel Mauro Cid, com a intenção de repassá-las a aliados e coordenar versões entre os envolvidos no esquema.

A defesa insiste que, agora que o sigilo da delação foi levantado por Moraes, não haveria mais justificativa legal para a prisão. No recurso mais recente, os advogados afirmam que “manter o Gen. Braga Netto preso preventivamente sob o fundamento de uma situação fática supostamente inalterada a esta altura significa permitir que o agravante siga privado de sua liberdade para proteger o avanço de uma investigação já acabada”.

Réu e protagonista do golpismo
Mas os argumentos parecem frágeis diante da gravidade das acusações. Braga Netto não é apenas uma peça do tabuleiro bolsonarista — ele é apontado como um dos cérebros da tentativa de ruptura institucional em 2022. Em março de 2025, a Primeira Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia contra ele, tornando-o réu por sua participação ativa no planejamento do golpe.

Junto com Bolsonaro e outros generais, Braga Netto teria articulado medidas para deslegitimar o processo eleitoral, desacreditar as urnas eletrônicas e preparar o terreno para uma intervenção militar. A delação de Mauro Cid só fez aprofundar o abismo em que se encontram os generais golpistas: agora, as palavras de um homem do círculo íntimo do clã Bolsonaro estão virando provas concretas contra os antigos donos do poder.

Moraes e o cerco aos militares
O ministro Alexandre de Moraes tem sido uma das figuras centrais no desmonte da narrativa de “inocência” fabricada pelos militares bolsonaristas. Desde o 8 de janeiro, o STF tem endurecido o tom contra os golpistas, rompendo décadas de impunidade institucional e, finalmente, levando generais para o banco dos réus. A permanência de Braga Netto na prisão é emblemática: mostra que, desta vez, nem a farda blindou os crimes.

Agora, o próximo movimento está nas mãos da PGR. Paulo Gonet, cuja atuação tem sido vista com desconfiança por setores democráticos, terá que se posicionar de forma clara: estará ao lado da responsabilização institucional ou dará fôlego ao revisionismo dos derrotados de 2022?

Enquanto o parecer não vem, Braga Netto segue onde merece estar: fora do circuito do poder, sob custódia e sob pressão. O recado do STF é direto — quem conspirou contra a democracia não terá paz, nem impunidade.

O Carioca esclarece

Quem é Walter Braga Netto e por que está preso?
Ex-ministro da Defesa e aliado de Bolsonaro, foi preso por tentar interferir em investigações sobre tentativa de golpe de Estado.

O que a PGR precisa fazer agora?
A Procuradoria-Geral da República tem cinco dias para se manifestar sobre o pedido de liberdade de Braga Netto, conforme determinado por Alexandre de Moraes.

Qual o papel de Mauro Cid nesse processo?
Cid delatou os bastidores do plano golpista, e Braga Netto teria tentado acessar ilegalmente essas informações.

Braga Netto ainda pode ser solto?
Depende do parecer da PGR e de uma nova decisão de Moraes. Mas o histórico aponta para a manutenção da prisão.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.