Ordem

Alexandre de Moraes faz cobranças e exigências em encontro com Cláudio Castro sobre chacina na Penha

Ministro do STF cobrou preservação das provas e detalhamento das ações policiais; encontro ocorreu no CICC, no centro do Rio.

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Alexandre de Moraes - Foto: © Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governador Cláudio Castro (PL) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se reuniram nesta segunda-feira (3) no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) da Secretaria de Estado de Polícia Militar, no centro do Rio. O encontro tratou da megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, realizada na última terça-feira (28), que deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais.


Reunião restrita e com foco na apuração dos fatos

Além das autoridades, participaram da reunião o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, o coronel Marcelo de Menezes (Polícia Militar), o delegado Felipe Curi (Polícia Civil) e o diretor da Superintendência-Geral de Polícia Técnica Científica, Waldyr Ramos.

O encontro começou por volta das 11h e terminou às 13h, sem a presença de assessores ou imprensa. Moraes deve se reunir ainda nesta segunda com membros do Judiciário, do Ministério Público e com o prefeito Eduardo Paes (PSD).


Moraes determina preservação das provas da operação

No domingo (2), o ministro determinou que o governo do Rio preserve todos os elementos materiais relacionados à operação. A decisão obriga o Estado a manter perícias, registros e cadeias de custódia, garantindo que o Ministério Público possa exercer controle sobre a atuação policial.

Moraes também ordenou que a Defensoria Pública do Estado tenha acesso integral às provas, atendendo a pedido da Defensoria Pública da União (DPU). O órgão havia relatado impedimento para acompanhar as perícias nos corpos das vítimas.

A medida foi tomada no âmbito da ADPF das Favelas, processo em que o STF estabeleceu parâmetros para operações policiais em comunidades, e reforça a necessidade de transparência e documentação nas ações.


Números da operação nos complexos da Penha e do Alemão

A ofensiva mobilizou 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, com apoio do Ministério Público do Rio de Janeiro, para cumprir 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão.

Balanço oficial:

  • 121 mortos, sendo quatro policiais;
  • 113 presos, incluindo 33 de outros estados;
  • 10 adolescentes apreendidos;
  • 118 armas apreendidas, entre elas 91 fuzis, 26 pistolas e um revólver;
  • Drogas, munições e explosivos ainda passam por contabilização pericial.

Contexto jurídico

A atuação de Moraes ocorre dentro do monitoramento contínuo da ADPF das Favelas, que desde 2020 regula a forma de execução de incursões policiais no Rio. A Corte exige que cada operação seja documentada, filmada e periciada, com controle de cadeia de custódia e acesso público aos registros — medidas que o ministro busca reforçar após a ação que resultou na maior chacina da história recente do país.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.