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Harvard homenageia Marielle Franco com a Medalha W.E.B. Du Bois

Vereadora assassinada em 2018 será a primeira brasileira a receber a mais alta honraria da universidade norte-americana

Juliana Martins
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Juliana Martins
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Repórter
Juliana Martins é jornalista carioca focada em cultura, eventos e vida urbana no Rio de Janeiro. Seu trabalho destaca histórias do cotidiano e curiosidades locais, conectando...
Marielle Franco - © foto Mídia NINJA

A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, anunciou que concederá a Medalha W.E.B. Du Bois de 2025 à ativista e vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018 no Rio de Janeiro. A cerimônia será realizada nesta terça-feira (4).

Marielle será a primeira brasileira e apenas a segunda latino-americana a receber a distinção máxima da instituição no campo dos Estudos Africanos e Afro-Americanos — a primeira foi a vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, em 2024.

A medalha reconhece trajetórias que fortalecem o legado intelectual e cultural das populações africanas e afrodescendentes no mundo. Entre os demais premiados de 2025 estão James E. Clyburn, Misty Copeland, Brittney Griner, George E. Johnson, Spike Lee e Amy Sherald.

Símbolo global de resistência

Marielle Franco tornou-se símbolo da luta contra a violência de Estado e da defesa dos direitos humanos no Brasil. Nascida e criada no Complexo da Maré, no Rio, dedicou a vida à defesa das mulheres negras, pessoas LGBTQIA+ e moradores de favelas.

Eleita vereadora em 2016 pelo PSOL, presidiu a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal do Rio.

Em 2018, o Instituto de Pesquisas Afrolatino-Americanas de Harvard (ALARI) havia convidado Marielle para participar de um simpósio. Seis semanas antes do evento, e um dia após denunciar abusos policiais em sua comunidade, ela foi assassinada junto com o motorista Anderson Gomes.

Durante o anúncio da homenagem, Alejandro de la Fuente, diretor fundador do ALARI, destacou o impacto duradouro de Marielle:

“Foi porque mulheres como ela desafiaram e transformaram as estruturas de poder que sua preciosa vida foi tirada. Mas seus assassinos fracassaram. Marielle esteve conosco no ALARI, e nunca mais saiu daqui.”

Segundo ele, “Marielle Franco é vida. E a vida não se mata”.

Legado e investigação

A homenagem reconhece a interseção entre militância, ciência e produção intelectual no campo afro-diaspórico. O ALARI é a primeira instituição acadêmica dos EUA dedicada ao estudo das populações afrodescendentes na América Latina e Caribe.

Os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram condenados em outubro de 2024 pelos assassinatos de Marielle e Anderson. Lessa recebeu 78 anos e 9 meses de prisão, e Élcio, 59 anos e 8 meses. Ambos foram responsabilizados por duplo homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio contra a jornalista Fernanda Chaves, que sobreviveu ao ataque.

As investigações apontaram que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão encomendaram o crime, com planejamento do então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa. Os três estão presos e respondem a processo no STF, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, ainda em fase de instrução.

Juliana Martins
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Juliana Martins é jornalista carioca focada em cultura, eventos e vida urbana no Rio de Janeiro. Seu trabalho destaca histórias do cotidiano e curiosidades locais, conectando os leitores com a cidade de forma leve e envolvente.