O município de Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, entrou para a lista das dez maiores economias do Brasil. Segundo dados do IBGE, o PIB local atingiu R$ 85,8 bilhões em 2021, resultado que colocou a cidade na oitava posição nacional, à frente de capitais como Porto Alegre (RS).
O salto econômico tem como motor principal a exploração de petróleo e gás natural do pré-sal, que transformou a cidade em polo de arrecadação bilionária de royalties. Apenas em 2024, Maricá registrou R$ 4 bilhões em receitas com royalties, consolidando-se como um dos maiores beneficiários da política de partilha dos recursos energéticos.
Concentração no setor energético
A estrutura produtiva de Maricá revela forte dependência da indústria petrolífera, que respondeu por 77,1% de toda a produção local em 2021. Já o setor de serviços representou 20,7%, enquanto a administração pública contribuiu com 2,1%. Entre 2002 e 2021, o município foi o que mais ganhou participação no PIB nacional, numa escalada inédita entre os mais de 5,5 mil municípios brasileiros.
Royalties e políticas sociais
Os recursos têm sido direcionados para programas sociais e políticas de inclusão, que se tornaram marca da gestão municipal. O destaque é o Mumbuca Família, programa de renda básica em moeda social digital, além do transporte público gratuito, medidas que reforçam o papel dos royalties na melhoria da qualidade de vida da população.
Fundo soberano e diversificação
Ciente dos riscos da chamada “doença holandesa” — fenômeno em que economias excessivamente dependentes de commodities sofrem com volatilidade e falta de diversificação —, Maricá criou um fundo soberano municipal. O objetivo é destinar parte dos royalties para financiar projetos de longo prazo em turismo, inovação tecnológica, startups e economia criativa, reduzindo gradualmente a dependência do petróleo.
Maricá no ranking nacional
Com o desempenho, Maricá passou a integrar um seleto grupo de apenas dez cidades que concentram 20% de toda a riqueza produzida no país, equivalente a R$ 2,11 trilhões. O município aparece atrás de Osasco (SP), mas à frente de capitais históricas como Porto Alegre. Atualmente, 70 cidades respondem por metade do PIB brasileiro, enquanto os demais 5.500 municípios dividem a outra metade.
Desafios para o futuro
Apesar do salto econômico, analistas alertam para a necessidade de construir uma base produtiva diversificada. O setor de óleo e gás continua sendo altamente volátil e sujeito tanto às oscilações do preço internacional do barril quanto às mudanças na política energética global em meio à transição para matrizes limpas.
Maricá, portanto, vive um paradoxo: tornou-se potência econômica em tempo recorde, mas depende de escolhas estratégicas para evitar que a bonança dos royalties se transforme em fragilidade fiscal no futuro.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		