Pescadores da Baía de Guanabara formalizam cooperativa

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Pescadores artesanais da Baía de Guanabara formalizaram a COOP PROMAR, a primeira cooperativa no Brasil dedicada à coleta de resíduos sólidos e proteção marinha. Fruto do programa Pescando Resíduos, criado pela BVRio em 2021, a iniciativa transformou a relação dos pescadores com o mar, unindo sustento, preservação ambiental e economia circular. Desde seu início, o programa já removeu mais de 450 toneladas de resíduos, mostrando o potencial de soluções comunitárias para enfrentar a poluição. “Nosso trabalho é uma gota no oceano, mas promove uma transformação socioambiental justa para a região”, destaca Glaucia Souza, presidente da cooperativa.

Idealizada e liderada por pescadores artesanais da Baía de Guanabara, em novembro de 2024 foi formalizada a primeira Cooperativa de Trabalho de Catadores de Resíduos e Proteção Marinha (COOP PROMAR) no Brasil. A cooperativa é resultado do programa Pescando Resíduos, criado pela BVRio e ativo desde 2021, com o objetivo de apoiar comunidades pesqueiras locais para enfrentar a poluição na Baía de Guanabara e promover a economia circular no Rio de Janeiro. 

O programa Pescando Resíduos transformou o cotidiano desses pescadores que, além de sua atividade tradicional, agora se dedicam à remoção de resíduos sólidos do mar, mangues e áreas costeiras. Duas vezes por semana, utilizando sua expertise e conhecimento das águas, os pescadores localizam pontos críticos de poluição e retiram rejeitos que ameaçam a biodiversidade marinha. O programa oferece uma remuneração justa, gerando maior segurança financeira e dignidade em um trabalho que preserva a conexão com o mar, o local de trabalho e a moradia. O sucesso desse modelo levou à formalização da cooperativa, que agora opera de forma independente.

A COOP PROMAR tem como missão recuperar resíduos sólidos com a participação ativa dos pescadores locais, gerar benefícios para comunidades vulneráveis e contribuir para a limpeza e preservação de ecossistemas marinhos e manguezais. A cooperativa também se propõe a promover a reciclagem, sensibilizar e conscientizar comunidades para evitar que resíduos cheguem ao mar, além de gerenciar pontos de entrega voluntária de resíduos, fomentando a economia circular. Além disso, capacitações, treinamentos e incentivo à cultura através dos resíduos são outras ações-chave que reforçam o impacto positivo da COOP PROMAR.

A cooperativa é presidida por Glaucia Souza, que coordena o programa Pescando Resíduos, destacando o potencial transformador de lideranças femininas. Glaucia deu seu depoimento: “A cooperativa surgiu da iniciativa da BVRio para expandir esse trabalho na Baía de Guanabara. Nosso objetivo é promover a expansão desse trabalho, dando visibilidade à realidade dos pescadores e valorizando nosso modo de vida com uma nova função que leva sustento às nossas famílias e promove a cultura local. Como presidente, espero trabalhar para que a cooperativa exerça plenamente seu papel e retribua positivamente pela limpeza do mar, devolvendo a vida. Somos apenas uma gota no oceano, mas nosso trabalho abrange aspectos estruturantes que permitem às nossas comunidades implementar uma transformação socioambiental justa na região, e além.” 

“A formação da COOP PROMAR é um exemplo de como comunidades locais podem liderar ações transformadoras quando apoiadas por iniciativas que promovem inclusão social e sustentabilidade. A poluição da Baía de Guanabara sempre foi um desafio para as comunidades pesqueiras, comprometendo a subsistência das famílias e a saúde dos ecossistemas. Agora, com o programa, os pescadores enfrentam diretamente esse problema, promovendo mudanças estruturais em suas comunidades”, disse Pedro Succar, especialista em economia circular da BVRio.

Desde o início do programa na Baía de Guanabara, em dezembro de 2021, cerca de 20-40 pescadores – que participam ou já participaram – coletaram mais de 450 toneladas de resíduos, das quais mais de 10% foram recicladas. “É uma alta taxa, considerando que os resíduos encontrados em ambientes marinhos estão, em grande parte, muito degradados”, afirmou Pedro Succar. O programa está explorando métodos para aumentar o reaproveitamento dos materiais. A coleta manual especializada feita pelos pescadores pode ser direcionada à recuperação de materiais que podem ser reciclados, como garrafas PET, ou reutilizados para geração de energia, como pneus, ou ainda a pirólise e a reciclagem química de sacolas plásticas. 

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